Quanto não vale a confiança no futebol?
E em momentos decisivos?
Os nomes jogam. A experiência é importante. É impossível não referir os orçamentos.
Mas a confiança faz tanta diferença!
Na primeira mão do play-off que vai decidir a 18.ª vaga da Liga na próxima época, isso ficou claro logo no terceiro minuto. E prolongou-se durante praticamente toda a partida.
O Estrela, terceiro classificado e equipa com menos derrotas da II Liga, dominou por completo o Marítimo, antepenúltimo classificado da Liga, e que se salvou da descida direta na penúltima jornada.
E é preciso lembrar que foi sempre o terceiro classificado da II Liga a vencer o play-off em Portugal?
Com o velhinho estádio José Gomes a viver um dia como os de antigamente, quando o clube era habitual na Liga – onde não joga desde 2009 -, cheio de camisolas e cachecóis tricolores, a equipa de Sérgio Vieira chegou à vantagem por Régis ao terceiro minuto.
Nos minutos seguintes, viu-se um Marítimo completamente perdido em campo. E um Estrela a brilhar. A jogar futebol de ataque e a desperdiçar oportunidades.
Ao minuto 24, o VAR ainda salvou o segundo golo do Estrela, apontado por Mansur, ligeiramente adiantado em relação à defesa maritimista.
Mas nem mesmo a substituição feita por José Gomes – na bancada a cumprir castigo – ainda antes da meia-hora de jogo alterou o rumo da partida.
Ao intervalo, mesmo com o remate ao poste de Vidigal, o resultado era muito melhor para o Marítimo do que a exibição mostrava.
E na segunda parte continuou. O Estrela a jogar, a criar oportunidades e a desperdiçá-las, muito por mérito de Marcelo Carné, guarda-redes do Marítimo que se vestiu de herói e salvou a equipa por três vezes.
Mas nada podia fazer aos 80m, quando Jean Filipe surgiu ao segundo poste a rematar para o 2-0… que continuava a ser lisonjeiro para o Marítimo.
E apesar de tudo, a equipa da Madeira sai da Reboleira viva no play-off. Porque em cima do minuto 90, e sem ter feito muito por ser feliz, o Marítimo reduziu por Cláudio Winck.
Os jogadores da equipa insular deixaram o relvado a ouvir «Nós acreditamos em vocês» pelas centenas de adeptos que marcaram presença na Reboleira.
Mas de pouco valerá se os próprios jogadores não acreditarem.
Porque os do Estrela, esses parecem imparáveis. Com uma confiança inabalável. Eles querem voltar à Liga e deixaram claro nesta primeira mão que qualidade para isso não lhes falta.
No «intervalo» desta eliminatória, há uma Estrela que guia o caminho para a Liga. E um Marítimo à beira do naufrágio.