Estrelinha, sorte ou alma de campeão.
Enfim, o nome que lhe queiram chamar é indiferente. Pela quarta vez desde o arranque da Liga, o FC Porto voltou a salvar-se nos descontos (3V e 1E) e evitou que o Gil Vicente saísse do Dragão com pontos pelo terceiro ano consecutivo (2-1).
Os dragões elevaram a fasquia exibicional em Hamburgo e voltaram a exibir-se em bom plano no arranque da partida. Sem Pepe e Zaidu, Fábio Cardoso e Wendell tiveram entrada direta na equipa inicial, mas a ideia era a mesma: Franco em espaços interiores a partir da direita, Galeno na esquerda e Iván Jaime, qual vagabundo nas costas de Taremi.
Logo aos seis minutos, o ex-Estoril surgiu na cara de Andrew, mas o guarda-redes do Gil Vicente evitou a finalização. Volvidos dois minutos, o brasileiro foi impotente para travar o remate certeiro de Iván Jaime que finalizou com classe uma bela jogada coletiva dos portistas.
Um golo que prova que o simples é, invariavelmente, o mais bonito (e eficaz). A bola circulou por João Mário e Varela até chegar a Wendell que rasgou a defesa do Gil com um passe para Galeno. Após um drible, o brasileiro deixou a bola em Taremi que, de calcanhar, assistiu o espanhol. O 1-0: o mais difícil parecia estar feito.
Porém, este Gil Vicente de Campelos é uma das boas equipas da Liga. Gosta de jogar à bola, convive bem com o risco, não se esconde. Só uma equipa que não desconfia de si própria é que é capaz de não sucumbir à primeira pancada num ambiente hostil. De forma paulatina, os gilistas começaram a ter bola e ensaiaram algumas saídas perigosas.
O FC Porto esteve bem vivo na partida até aos 30 minutos. É justo reconhecer, de resto, que os azuis e brancos podiam já ter o encontro no bolso não fosse o 2-0 ter sido invalidado a André Franco por fora de jogo de Taremi no início da jogada.
O galo começa a cantar de fininho
Após um par de chegadas à área contrária, o Gil Vicente criou a primeira boa situação para igualar a contenda. O plano era simples: recuperar a bola em zonas adiantadas e correr em direção à baliza de Diogo Costa. Depú viu o internacional português, capitão do FC Porto perante as ausências de Pepe e Marcano, negar-lhe o golo aos 32 minutos.
A história não se repetiu cinco minutos depois e o angolano marcou mesmo. Carmo entregou «à queima» em Eustáquio, o médio perdeu a bola e o talento (porque também existe) do lado contrário fez o resto: Martim Neto soltou no tempo e na medida certas para Depú que empatou. A jogada foi semelhante a uma que, no minuto anterior, tinha terminado numa saída de Galeno. A diferença foi o passe interior do central ter chegado ao jogador entrelinhas.
O FC Porto apresentou-se à sua imagem e obrigou o Gil Vicente a encolher-se. Iván Jaime, Franco, Varela e Fran Navarro, que já tinha entrado, não tiveram engenho para superar Andrew. Tudo isto nos primeiros 15 minutos da segunda metade.
O jogo ficou mais equilibrado a partir dos 70 minutos. Aliás, ficou partido. Parada e resposta. Os treinadores já tinham mexido na equipa e Conceição já tinha alterado todo o desenho com as entradas de Toni Martínez, Francisco Conceição, Gonçalo Borges e Pepê. Arriscou (e bem).
Os 15 minutos finais foram frenéticos. Diogo Costa negou com os pés o golo a Félix Correia e na resposta, Andrew negou o 2-1 a Pepê. O Gil Vicente ainda teve nova oportunidade, mas o guarda-redes portista voltou a estar à altura perante Maxime.
O FC Porto encontrou forças no fundo da alma. Uma vez mais. Aquela força ou a estrelinha que só os campeões têm. Os dragões chegaram ao golo do triunfo (novamente) nos descontos: Eustáquio virou herói improvável e desviou um livre de Wendell para o fundo da baliza do Gil.
Depois de dois anos a cantar de Galo no Dragão, o Gil perdeu.