O Rio Ave esteve perto de deixar fugir a invencibilidade caseira que dura há quase um ano, mas conseguiu garantir o empate com o Famalicão (1-1), no jogo 100 de Luís Freire. A muralha dos Arcos abanou, mas não quebrou: o Rio Ave já leva 16 jogos sem derrotas a jogar em Vila do Conde.
Freire queria ver uma equipa com mais rigor defensivo, após a goleada na Pedreira, mas o Rio Ave até começou a dar tudo no ataque. Logo aos três minutos, num só lance, somou três claras ocasiões de golo. Valeram duas defesas de Ivan Zlobin, além de um corte decisivo em cima da linha de golo.
Apesar de ter mais bola, o Famalicão – que apareceu com um ataque renovado e sem Gustavo Sá de início – não conseguiu criar tanto perigo quanto o Rio Ave. De resto, Zlobin teve uma noite de muito trabalho, enquanto Jhonatan pouco teve para fazer.
O início da segunda parte foi de sonho para o Famalicão e para esquecer do lado do Rio Ave. Armando Evangelista fez três mexidas – lançou Rafa Soares, Riccieli e Mário González para os lugares de Mihaj, Rodrigo Pinheiro e Rochinha – e teve a recompensa logo aos 52 minutos. González serviu Gil Dias à entrada da área e o extremo sacou um coelho da cartola, com um remate colocado: um golaço para abrir a jornada.
A vantagem permitiu ao Famalicão encarar o jogo de outra forma e a equipa minhota mostrou claramente estar mais confiante. Do outro lado, aumentava a pressão e também começava a surgir alguma contestação nas bancadas.
Por esta altura, Luís Freire já estava a fazer pela vida e tratou de dotar a equipa de mais armas ofensivas. Desfez a linha de três centrais, pelo meio juntou Hassan a Clayton na frente e foi na aposta no egípcio que mais teve sucesso.
De regresso ao Rio Ave, o avançado tinha sido presenteado com uma camisola comemorativa dos 100 jogos pelos vilacondenses ainda antes do apito inicial, mas foi ele quem deu a prenda mais valiosa da noite. Em cima do último quarto de hora da partida, com um cabeceamento de alto nível de execução, conseguiu, por fim, bater Zlobin.
Instalada a loucura dos Arcos, o jogo ficou partido e num ritmo de loucos, a contrastar com aquele que se vira no primeiro tempo, muito graças às 21 faltas (!) assinaladas. Ainda assim, manteve-se o empate e ambas as equipas prolongam o longo jejum de vitórias.
A figura: Ivan Zlobin
A defender sempre assim, os famalicenses vão esquecer Luiz Júnior num instante. O guarda-redes russo teve uma exibição monumental nos Arcos, que começou logo aos três minutos com duas grandes defesas num só lance. Ainda na primeira parte, ganhou novo duelo no um para um e, já no segundo tempo, depois do golo do Rio Ave, teve uma fantástica intervenção a negar o bis a Hassan. Na reta final, foi determinante com saídas rápidas de entre os postes.
O momento: três oportunidades… num só lance
Luís Freire e a equipa do Rio Ave ainda devem estar a pensar como é que aquele lance não deu em golo. Os vilacondenses entraram com a corda toda e podiam ter inaugurado o marcador logo aos três minutos, na primeira jogada do encontro, quando finalizaram por três ocasiões em apenas dez segundos. Kiko Bondoso permitiu a defesa a Zlobin, Clayton tentou a recarga, mas o russo defendeu novamente e, depois, foi Vrousai quem ainda rematou, mas viu-lhe o golo ser negado com um corte em cima da linha.
Positivo: Hassan em grande estilo
O empate nos Arcos motivou o delírio nas bancadas e até levou Hassan a tirar a camisola. Tiknaz bateu longo para a área e o avançado egípcio, que tinha entrado vinte minutos antes, bateu Zlobin com um belo golpe de cabeça. Numa noite em que foi homenageado, retribuiu o carinho das gentes de Vila do Conde ao seu estilo. Aos 81 minutos, voltou a ganhar nas alturas, mas Zlobin negou-lhe, desta feita, o bis.