Liga 2022/23: quem saiu a ganhar e quem perdeu com a mudança de treinador - TVI

Liga 2022/23: quem saiu a ganhar e quem perdeu com a mudança de treinador

Da recuperação do Famalicão ao técnico que voltou dois meses e meio depois, passando pelo clube que mudou duas vezes mas nunca conseguiu igualar o treinador original. As chicotadas, o rendimento e o aproveitamento pontual nos bancos

Em 10 mudanças de treinador na Liga 2022/23, envolvendo sete clubes, o Famalicão foi a equipa que mais ganhou com a mudança. Depois de uma época mais tranquila do que as anteriores nos bancos, houve de tudo. Desde o treinador que regressou dois meses e meio depois de ter saído ao clube que mudou duas vezes mas não conseguiu melhorar o rendimento do treinador que começou a época, passando por dois técnicos que não somaram qualquer ponto.

Depois das 12 mudanças na época passada e das 14 na anterior, a Liga portuguesa teve uma temporada de maior estabilidade. Em contraste, até, com alguns dos principais campeonatos europeus, desde logo a Premier League, que bateu recordes de «chicotadas», com mais de metade dos clubes a mudarem de técnico.

A estabilidade nos bancos acompanhou a classificação. As equipas que terminaram a Liga nas sete primeiras posições não mudaram de treinador. Entre os clubes que mantiveram a aposta até ao fim estão ainda os três que subiram de divisão: além do Desp. Chaves (7º), também o Casa Pia (10º) e o Rio Ave (12º). Completaram ainda a época Petit, que levou o Boavista ao nono lugar, e Paulo Sérgio, que mais uma vez conseguiu a manutenção com o Portimonense.

O regresso de João Pedro Sousa ao Famalicão foi a alteração com maior impacto. Rui Pedro Silva saiu ao fim da sétima jornada, quando a equipa estava na 16ª posição e somava apenas quatro pontos. Com João Pedro Sousa no banco, o Famalicão recuperou e foi subindo na tabela, até terminar no oitavo lugar, com quase metade dos pontos possíveis ganhos.

No Gil Vicente, Daniel Sousa também conseguiu um rendimento significativamente superior ao seu antecessor, Ivo Vieira, que deixou a equipa no 16º lugar. Daniel Sousa, que assumiu depois de Carlos Cunha orientar a equipa em duas jornadas, com duas derrotas, venceu 44.4 por centos dos jogos, levando o Gil ao 13º lugar.

Tiveram ainda impacto positivo, ainda que não muito significativo, as mudanças no Vizela e no Estoril. Tulipa conseguiu marginalmente melhor rendimento do que Álvaro Pacheco, terminando no 12º lugar, uma posição acima daquela que ocupava quando chegou. Na Amoreira, a ligeira evolução com Ricardo Soares chegou para deixar o clube a salvo e terminar uma posição acima do perigoso 15º lugar em que o deixou Nélson Veríssimo.

Nos outros clubes que mudaram, a época foi particularmente agitada. O Marítimo, que ainda vai jogar o play-off para tentar manter-se na Liga, começou com Vasco Seabra, que foi o primeiro treinador despedido na atual temporada, depois de não conseguir somar qualquer ponto nas três primeiras jornadas. Seguiu-se João Henriques, que esteve apenas oito jogos no banco, nos quais somou seis pontos. Saiu com o Marítimo no penúltimo lugar e chegou José Gomes, que conseguiu melhor aproveitamento pontual (31.7 por cento) e evitou a descida direta.

«Segundo» César Peixoto foi melhor do que o primeiro

No Paços Ferreira, o «segundo» César Peixoto fez melhor do que o primeiro, ainda que não tenha evitado a descida. O treinador que iniciou a época saiu ao fim de nove jornadas, com apenas dois pontos somados. O regresso de José Mota revelou-se estéril. O treinador não interino que menos tempo esteve num clube de Liga nesta época saiu ao fim de quatro jogos, sem ter conquistado qualquer ponto. O Paços era último, não tinha qualquer vitória e virou-se… para César Peixoto. No regresso, o treinador conseguiu em 20 jogos somar 21 dos 23 pontos com que o Paços começou a época, um aproveitamento de 35 por cento. Fugiu à «lanterna vermelha», mas não evitou a descida.

Não restarão dúvidas de que o contexto, entre tantas circunstâncias, determinam boa parte do rendimento de uma equipa e do treinador. Numa nota adicional, recorde-se que ainda nesta época José Mota foi depois treinar o Farense na II Liga e aí conseguiu muito melhor registo, levando o clube algarvio de volta à Liga ao fim de 15 jogos em que somou 11 vitórias e um empate.

Mário Silva foi o melhor treinador do Santa Clara

Voltando à Liga, para o fim fica o caso do Santa Clara. Mário Silva saiu ao fim de 15 jornadas com o clube acima da linha de água, na 15ª posição. Tinha 13 pontos, correspondentes a um aproveitamento de 28.8 por cento. Jorge Simão, o senhor que se seguiu, durou apenas sete jogos, ao longo dos quais somou dois pontos. Depois assumiu Accioly, primeiro de forma interina e a seguir confirmado até ao final da época. Melhorou o registo de Simão mas não atingiu o aproveitamento de Mário Silva e não conseguiu evitar a descida.

A época teve ainda três treinadores interinos nos bancos de Gil Vicente, Estoril e Paços, sem que nenhum deles tenha somado qualquer ponto.

O Maisfutebol apresenta de seguida o resultado das mudanças de treinador na Liga 2022/23. Na galeria associada, pode de resto ver o rendimento de todos os técnicos que orientaram equipas na temporada que agora terminou. Foram 27, não contando com os treinadores de transição. Apenas os treinadores dos seis primeiros classificados tiveram aproveitamento pontual superior a 50 por cento, ou seja, conseguiram somar mais de metade dos pontos possíveis.

As mudanças de treinador na Liga 2022/23

Famalicão (8º lugar final)

Rui Pedro Silva: 7 Jogos/4 Pontos, rendimento de 19,04 por cento

João Pedro Sousa: 27 Jogos/40 Pontos, 49,38%

Vizela (11º)

Álvaro Pacheco: 13 Jogos/15 Pontos - 38,46%

Tulipa: 21 Jogos/25 Pontos - 39,68%

Gil Vicente* (13º)

Ivo Vieira: 11 Jogos/9 Pontos - 27,27 %

Daniel Sousa: 21 Jogos/28 Pontos - 44,4%

*Carlos Cunha orientou a equipa como interino em dois jogos, que corresponderam a duas derrotas

Estoril* (14º)

Nélson Veríssimo: 21 Jogos/22 Pontos - 34,92%

Ricardo Soares: 12 Jogos/13 Pontos - 36,11%

*Pedro Guerreiro orientou a equipa como interino num jogo, com uma derrota

Marítimo (16º)

Vasco Seabra: 5 Jogos/0 Pontos - 0%

João Henriques: 8 Jogos/6 Pontos - 25%

José Gomes: 21 Jogos/20 Pontos - 31,74%

Paços Ferreira* (17º)

César Peixoto: 29 Jogos/23 Pontos - 26,43**

José Mota: 4 Jogos/0 Pontos - 0%

* Marco Paiva orientou a equipa como interino num jogo, com uma derrota

*No total das duas passagens pelo banco

Santa Clara (18º)

Mário Silva: 15 Jogos/13 Pontos - 28,88%

Jorge Simão: 7 Jogos/2 Pontos - 9,52%

Accioly: 12 Jogos/7 Pontos – 19,44%

Artigo atualizado com informação relativa ao Gil Vicente corrigida

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