Filipe, também conhecido como Ervilha, quer ser primeiro-ministro. Um outro olhar sobre Luís Montenegro - TVI

Filipe, também conhecido como Ervilha, quer ser primeiro-ministro. Um outro olhar sobre Luís Montenegro

  • 25 fev, 11:00

Em entrevista a Cristina Ferreira abriu espaço às emoções, mas também deixou algumas confissões: no dia em que foi eleito presidente do PSD foi para a praia com a família

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Em criança rasgava as calças a jogar à bola com os amigos nos descampados de Espinho. Lia os três jornais que o pai comprava e via quase todos os programas de informação na televisão. Filipinho para a mãe, Ervilha para os amigos, para a maioria de nós é como Luís Montenegro que o conhecemos.

O presidente do PSD e líder da Aliança Democrática esteve no Dois às 10, da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal), onde mostrou a Cristina Ferreira um lado diferente do que conhecemos todos os dias.

Saudades de reivindicar?

Foi ainda em criança que conseguiu o primeiro ordenado. Dez escudos a trabalhar para o avô, um valor que considerou injusto. E por isso reivindicou, como fez mais tarde, aos 16 anos, quando exigiu aos concessionários da praia onde trabalhava um ordenado justo. E conseguiu.

Tem saudades desse tempo, assumiu. “Acontece a todos”, confessou, lembrando que fazia 51 anos ainda nessa semana (já os completou, entretanto). Mas os 50 não lhe pesam – “sinceramente não notei ainda nenhuma diferença, mas se calhar devo andar distraído com outras coisas”, brinca.

“Claro que recordo os tempos de infância, os tempos da adolescência. De uma vida que era, digamos, mais intensa, no sentido em que não tinha tanta preocupação”, continua, falando de uma vida que era feita de “brincar na rua” com toda a segurança, sempre com o futebol presente e com a ligação feliz à praia, mesmo que a água de Espinho não seja das mais quentes.

“Ainda continuo a fazer praia nos mesmos sítios, com as mesmas pessoas, com os mesmos amigos e, às vezes, pasmo-me com as mesmas brincadeiras. A mesma paixão”, explica, referindo que os cheiros são os mesmos de há décadas. A diferença é que a mãe já não tem de o ir chamar para jantar, como fazia antes.

Do Congresso para a praia

Não se esquece. Foi em 2022 que foi eleito presidente do PSD, num Congresso realizado no Super Bock Arena, no Porto. “Aquilo acabou, já não me lembro, por volta das 15:00. Será difícil acreditar, mas saí com a minha mulher e os meus filhos, fomos a casa, trocámos de roupa e fomos para a praia ter com os nossos amigos, como se não tivesse acontecido nada”.

A mulher é Carla, com quem namora desde os 17 anos e tem dois filhos.

Apesar dessa postura é difícil manter a descontração. “O peso está aí todos os dias, cada vez mais. Alguns amigos acham que estou um bocadinho mais circunspecto, por causa do peso da responsabilidade”, assume.

Mas nem é como se fosse obcecado com o trabalho. “Tive sempre muita facilidade em memorizar, em raciocinar, em poder adquirir o essencial do que era proposto”, conta, dizendo que nunca foi de estudar, mas deixando a ressalva para que os filhos não sigam o exemplo.

Hoje é diferente, admite. E foi desde que se tornou político que começou a trabalhar mais e mais. “Não pode, não deve haver um passo em falso. Sou ponderado e gosto de refletir e amadurecer e decidir”, continua.

“Eu acho que é preciso decidir, mas é preciso saber o que é que se decide. E é preciso decidir bem”, acrescenta, voltando en passant a um tema recorrente do bate-boca com Pedro Nuno Santos: a capacidade de decidir.

“Luízes a mais”

Luís Montenegro falou com Cristina Ferreira no dia do 81.º aniversário da mãe. Ainda não lhe tinha ligado, mas a mãe tinha uma mensagem para ele. “O Luís chama-se Luís Filipe. O meu marido chamava-se Henrique Luís. E o meu filho mais velho também Henrique Luís. Eu a certa altura achei que eram Luízes a mais”, brinca.

Foi aí que começou a tratá-lo por Filipinho, quando era pequenino, “mais rechonchudinho, muito sorridente”.

À medida que cresceu perdeu o diminutivo – hoje já é Filipe. Mas quando havia motivo de zanga também se perdia o diminutivo. “Uma vez rasgou um fato novo, estava acabadinho de vestir para ir a uma festa no colégio e foi jogar futebol sem eu saber e sem dar conta. Caiu e rompeu o fato”, conta a mãe.

Para os amigos havia ainda outro nome: Ervilha. “Eu não gostava muito disso”, confessa a mãe, explicando que a origem da alcunha foi o tom azul-esverdeado dos olhos, “muito semelhante ao da ervilha”. “E foi um amigo nosso que se lembrou. Todos acharam um piadão e ficou”, prossegue a mãe, revelando que o presidente do PSD ainda hoje vai ver os tachos, “prova e põe mais um bocadinho disto, mais um bocadinho daquilo”.

Sai um frango para o primeiro-ministro

Corrige a mãe quando é preciso, mas só porque cozinha bem. É a irmã que o diz, elogiando o frango estufado que Luís Montenegro aprendeu a fazer com o pai, mas também os bifinhos grelhados com molho ou a sopa de peixe, que adora.

“Basicamente ele cozinha bem tudo”, completa a irmã.

Mas a cozinha é mesmo um passatempo, porque Luís Montenegro sempre soube o que queria fazer. A mãe ainda se lembra de lhe perguntar o que queria ser e ficar espantada com a resposta: queria ser primeiro-ministro.

“Ficou toda a gente admirada com a resposta dele. Lembro-me dessa história e sim, lembro-me de ir com ele para a varanda também já com as bandeiras”, conta, revelando que sabia que o filho “iria ser alguma coisa”, mas que nunca pensou que pudesse “chegar tão longe”.

“O meu marido ia sentir um orgulho muito, muito grande no filho que tem”, diz a mãe de Luís Montenegro, que é escudada pelo outro filho: “O meu pai estaria muito, muito orgulhoso, até porque o meu irmão, dos três, era o que mais seguia os passos do pai”.

A irmã de Luís Montenegro emociona-se – a família perdeu o pai, mas também perdeu o irmão mais velho. “É um vazio muito grande. O meu irmão é um vazio que é difícil de falar porque foi uma perda muito precoce, inesperada e que estaria também muito orgulhoso”.

No final a mãe deixa-lhe um recado: ser sempre um homem íntegro e que pense, sobretudo, “nos mais frágeis”.

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