Luís Montenegro aproveitou a Festa do Pontal do PSD, que decorreu na quarta-feira, no Algarve, para responder às críticas da oposição em relação ao plano de emergência da saúde apresentado pelo Governo. Inicialmente, o primeiro-ministro disse que nunca criou "falsas expectativas" nem prometeu resolver os problemas do SNS em 60 dias, mas acabou o discurso a afirmar que está a "salvar o SNS".
"Eu sei que alguns quiseram, com elevada desonestidade política e intelectual, criar a ideia de que nós tínhamos feito a promessa de que, em 60 dias, íamos resolver os problemas da saúde. É tão absurda essa tese que não vale a pena sequer comentá-la", declarou Luís Montenegro, diante dos militantes sociais-democratas.
Mas o primeiro-ministro quis deixar a garantia de que o Governo está a cumprir os objetivos traçados no plano de emergência da saúde, que integra 54 medidas, classificadas como urgentes, prioritárias e estruturantes, sendo que os resultados esperados variam consoante a sua prioridade: para as medidas urgentes, o Governo prevê resultados até três meses, para as prioritárias, resultados até ao final deste ano e, para as estruturantes, resultados a médio e longo prazo.
Ora, este plano "não vai resolver os problemas todos", reconhece Luís Montenegro, assinalando que este é "um plano para dois anos, 2024 e 2025, com objetivos determinados e calendarizados e que já estão a ser cumpridos". Mas, em 60 dias, já há resultados para apresentar, diz, destacando a realização de cirurgias em mais de 20 mil doentes oncológicos e o fim da lista de espera desses mesmos doentes. "Todos eles foram intervencionados e alguns têm o agendamento para as próximas semanas", indicou.
Mas também há resultados nos serviços de urgência de ginecologia e obstetrícia, aponta Luís Montenegro, apesar dos constantes constragimentos nos serviços de alguns hospitais por todo o país. O primeiro-ministro diz que as dificuldades de acesso a estes serviços de urgência são um "fenónemo que, infelizmente, tem anos", mas assinala que o Governo está a trabalhar para colmatar essa lacuna, desde logo com a criação de uma linha telefónica específica para as gravidas, "para que, ao contrário do que acontecia, elas não fossem em direção aos hospitais para bater com o nariz na porta, para que pudessem ter um atendimento especializado e pudessem ser dirigidas para a unidade de saúde mais perto que tivesse os serviços disponíveis para os seus problemas."
Assim, desde dia 1 de junho, "já foram atendidas mais de 20.895 chamadas de grávidas portuguesas", adiantou Luís Montenegro, detalhando que, dessas, "69,5% foram conduzidas para a urgência mais próxima e, quando chegaram à urgência, já tinham uma equipa à sua espera para poder resolver o seu problema". De resto, acrescentou, "14% foram encaminhadas para unidades de saúde primária, e 12% resolveram os seus problemas precisamente na chamada".
Neste contexto, Luís Montenegro quis deixar um recado à oposição: "Nós não estamos distraídos, nós não somos daqueles que criam ilusões, que criam falsas expectativas. Eu sei que quiseram criar essas expectativas, mas não fomos nós que as criámos."
Ainda assim, e apesar de todos os constrangimentos e encerramentos, "a situação este ano é muito melhor do que era o ano passado e no próximo ano eu prometo-vos que vai ser melhor do que aquilo que é este ano", garantiu o primeiro-ministro.
Luís Montenegro terminou o discurso na Festa do Pontal com três promessas, incluindo uma para a saúde - a criação de mais vagas para o curso de Medicina, de forma a compensar as aposentações dos médicos do SNS.
É certo que ainda "há muita coisa para fazer" ao nível da saúde, nomeadamente "ao nível da gestão, ao nível da complementaridade dos sectores, ao nível da exigência que temos de ter no Serviço Nacional de Saúde", ressalva o líder dos sociais-democratas. Ainda assim, volta às cirurgias oncológicas que foram realizadas para mostrar que "99% [das operações] foram realizadas no SNS".
E depois lança uma farpa ao PS, para afirmar que o Governo social-democrata está "a salvar" o SNS: "Para aqueles que dizem que nós estamos a governar para o sector privado - que são os mesmos que impuseram que mais de quatro milhões de portugueses tivessem de ter seguro de saúde e são os mesmos que fizeram florescer a saúde privada em Portugal como nunca - não deixa de ser talvez um bocadinho difícil de explicar que nós, no nosso Governo, fizemos esta recuperação dentro do Serviço Nacional de Saúde, valorizando, salvando o Serviço Nacional de Saúde."