Luiz Inácio Lula da Silva é formalmente o 39.º Presidente da República Federativa do Brasil. “Prometo manter, defender e cumprir a constituição” foram as primeiras palavras do primeiro chefe de Estado a ter três mandatos na história recente do Brasil, por volta das 18:00 (hora portuguesa). O discurso durou quase 30 minutos e centrou-se na inclusividade, na legislatura anterior, na Amazónia, na segurança e na pobreza.
Lula da Silva lembrou ainda que "pela terceira vez" estava a comparecer perante o Congresso Nacional para "agradecer ao povo brasileiro o voto de confiança". O presidente assumiu ainda o compromisso de "reconstruir o país e criar novamente um Brasil de todos e para todos”. Ao longo de todo o discurso, e apesar das muitas críticas ao antecessor, o presidente nunca referiu o nome de Jair Bolsonaro.
"Ditadura nunca mais" vs. "Democracia para sempre"
Quanto à legislatura anterior, dirigida por Jair Bolsonaro, Lula não foi parco em palavras: “Dizíamos: ‘Ditadura nunca mais’. Hoje, depois do terrível desafio que superámos, devemos dizer: ‘Democracia para sempre’”. O presidente brasileiro garantiu que “ao terror e à violência" irá responder com "as leis e as suas mais duras consequências”. “Ao ódio responderemos com amor. À mentira com a verdade", disse.
“Vamos garantir o primado da lei, quem errou terá o seu direito a defesa legal”, referiu Lula da Silva.
O discurso do chefe de Estado visou os brasileiros mais desfavorecidos, lembrando que “não seria justo nem correto pedir paciência para quem tem fome" e reiterando que "nenhuma nação se ergueu ou nem se poderá erguer sobre a miséria do seu povo”.
“Se estamos aqui hoje, é graças à consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que formámos ao longo desta histórica campanha eleitoral. Foi a democracia a grande vitoriosa nesta eleição”, disse.
“O Brasil não quer e não precisa de armas na mão do povo"
Quanto às políticas de Bolsonaro que facilitavam o acesso a armas de fogo, Lula da Silva prometeu revertê-las e realçou que “o Brasil não quer e não precisa de armas na mão do povo", acrescentando: "O Brasil precisa de segurança, de livro, de educação e de cultura para que possamos ser um país mais justo”.
O chefe de Estado agora empossado lembrou ainda a gestão brasileira da pandemia de covid-19. Lula evidenciou que "em nenhum outro país do mundo a quantidade de vítimas foi tão alta como no Brasil”.
Regressando à ideia inclusiva de "um Brasil para todos", o 39.º presidente brasileiro afirmou que "todos poderão exercer livremente a sua religiosidade”.
“O Brasil não precisa de desmatar"
Quanto à floresta amazónica, Lula da Silva garantiu que “o Brasil não precisa de desmatar para manter e ampliar a sua estratégica fronteira agrícola", lembrando que "é só replantar" sem "derrubar árvores, sem queimadas e sem invadir os biomas".
“Não vamos tolerar a violência contra os pequenos, o desmatamento e a degradação do ambiente que tanto mal já fizeram ao nosso país”, reiterou Lula da Silva.
"Viva a democracia! Viva o provo brasileiro! Obrigado, companheiros", despediu-se Lula da Silva.
A cerimónia foi ainda marcada por um minuto de silêncio em homenagem a Pelé e ao Papa emérito Bento XVI, antes se ouvir o hino no Palácio do Planalto, em Brasília.
Antes de assinar os documentos presidenciais, Lula da Silva mostrou a caneta e explicou que lhe tinha sido oferecida em 1989 por um apoiante para que com ela assinasse a tomada de posse. O 39.º presidente brasileiro lembrou que perdeu as eleições em 1989, 1994, 1998 e em 2002, quando foi eleito, achou que tinha perdido a caneta. Agora, em 2023, diz que encontrou a esferográfica e optou utilizá-la na tomada posse como “uma homenagem ao povo do estado do Piauí”.
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, e o antigo primeiro-ministro e amigo pessoal de Lula da Silva, José Sócrates, marcarão presença nas celebrações.
O Presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, iniciou este domingo em Brasília cerca das 14:30 locais (17:30 em LiIsboa) o desfile da tomada de posse num carro descapotável ao lado da primeira-dama, Rosângela Silva, assinalando o início formal das cerimónias..
Visivelmente sorridente e acenando muito aos apoiantes que acompanham a passagem do carro, um Rolls-Royce que serve a Presidência da República desde 1952 e é tradicionalmente usado nestas cerimónias, Lula da Silva seguiu em direção ao Congresso onde assinará o termo de posse e se tornará formalmente o 39.º Presidente da República Federativa do Brasil.