Lula, que vai ser recebido no Parlamento no 25 de Abril, inclui Portugal entre os culpados pela guerra na Ucrânia - TVI

Lula, que vai ser recebido no Parlamento no 25 de Abril, inclui Portugal entre os culpados pela guerra na Ucrânia

Presidente Lula da Silva visita Emirados Árabes Unidos (EPA/ABDULLA AL)

Declarações surgem a poucos dias da vinda de Lula a Portugal para falar no Parlamento no dia 25 de Abril. Iniciativa Liberal é um dos partidos mais críticos: afirma que Portugal “não pode receber no 25 de Abril um aliado de Putin como é Lula”

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O presidente brasileiro voltou este domingo a culpar os Estados Unidos da América e a União Europeia - que Portugal integra - pela continuação da guerra na Ucrânia, sublinhando ainda que, à semelhança de Vladimir Putin, o presidente ucraniano não toma a iniciativa de parar o conflito. 

"O presidente Putin não toma a iniciativa de parar. Zelensky não toma a iniciativa para parar a guerra. A Europa e os Estados Unidos continuam contribuindo para a continuação desta guerra. Portanto, têm de se sentar à volta da mesa e dizer: 'basta'”, afirmou Lula da Silva durante uma visita aos Emirados Árabes Unidos (EAU) depois de ter visitado a China, onde começou a polémica ao afirmar que “os Estados Unidos devem parar de encorajar a guerra" na Ucrânia e “a União Europeia deve começar a falar de paz".

Em Abu Dhabi, o líder brasileiro voltou a insistir na criação de um modelo de negociação de paz entre a Rússia e a Ucrânia encabeçado por países neutros. Lula da Silva adiantou mesmo ter sugerido aos presidentes dos EAU, Mohammed bin Zayed Al-Nahyane, e da China, Xi Jinping, a criação de um grupo de países que teriam a missão de mediar as conversações.

"Nós estamos a tentar construir um grupo de países que não tenham nenhum envolvimento com a guerra, que não querem a guerra e que desejam a paz no mundo, para conversar tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia", explicou.

Lula da Silva disse ainda que a ideia seria criar uma espécie de G20 para criar as condições necessárias para a paz, acrescentando que a ideia já tinha sido discutida com o chanceler alemão, Olaf Scholz, com o presidente francês, Emmanuel Macron, e com o presidente norte-americano, Joe Biden.

"O G20 [foi] formado para salvar a economia [mundial], que estava em crise. Agora, é importante criar outro tipo de G20 para pôr fim a esta guerra e estabelecer a paz. Esta é a minha intenção e penso que vamos ser bem-sucedidos”, insistiu.

Estas últimas afirmações surgem, ainda, na véspera da visita oficial do ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, ao Brasil.

Direita ataca "aliado de Putin"

Em Portugal, as declarações do chefe de Estado brasileiro, convidado para estar presente nas cerimónias do 25 de Abril, têm sido recebidas com muitas críticas dos partidos com assento parlamentar. 

O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, defendeu hoje que a Assembleia da República “não pode receber um aliado de Putin como Lula no 25 de Abril”, lembrando que no mesmo Parlamento discursou, por videoconferência, o presidente da Ucrânia.

“A Assembleia da República [AR] que convidou Zelensky para discursar em 21 de abril de 2022 não pode receber um aliado de Putin como Lula no 25 de Abril. E o Presidente da República que atribuiu a Ordem da Liberdade a Zelensky não pode estar confortável com a presença de um aliado de Putin como Lula na AR no 25 de Abril”, escreveu Rui Rocha, na rede social Twitter.

Também o PSD, através do vice-presidente Paulo Rangel, apelou para que o Governo se demarcasse das declarações do presidente brasileiro e que tomasse "uma posição pública e formal" que marcasse a posição portuguesa de compromisso com a União Europeia e com a NATO. 

Mas a posição mais dura veio de André Ventura, do Chega, que, num vídeo enviado às redações, prometeu "organizar a maior manifestação de sempre contra um dignatário estrangeiro em Portugal", mobilizando "portugueses e brasileiros".

O presidente do Chega defendeu que Lula da Silva deve ser condenado pela "proximidade com a Rússia", pela "incapacidade de ver o sofrimento do povo ucraniano", pela "sua proximidade à China", pela "hesitação em condenar as ditaduras sul-americanas" e pela "corrupção".

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