A 16 de Maio, no Funchal, um incêndio destruiu parcialmente as casas onde viviam 32 pessoas. A situação de realojamento que seria provisória dura há mais de dois meses para 11 destes habitantes, que continuam a pernoitar no Pavilhão dos Trabalhadores. Onze homens que sentem um profundo desconforto com todo o processo de realojamento.
“Primeiro mandaram-nos para a Pousada da Juventude aqui no Funchal, mesmo no centro, depois mandaram-nos lá para cima, para o pavilhão dos trabalhadores a dormir em colchões no chão”, desabafa um dos desalojados (que pede anonimato) à equipa de reportagem da TVI.
Estes homens queixam-se ainda, da falta de condições, sobretudo para os que se encontram em situação vulnerável de saúde. “Há uma casa de banho para homens e uma para mulheres, não tem cozinha, tem um frigorífico velho, quem quiser vai comer na rua”, relata a mesma fonte. Quanto à privacidade é inexistente. “Há um senhor que tem problemas pulmonares, outro senhor teve uma trombose, foi para o hospital, tem dificuldade em levantar-se, outro senhor tem Alzheimer e também está lá, ainda não lhe arranjaram sequer um lar”, lamenta um dos desalojados.
Eram e são todos, acompanhados pela Segurança Social da Madeira. “Somos pessoas de baixos recursos, uns recebem o rendimento de reinserção, outros são pensionistas e por aí fora”, avança. “No princípio o Banco Alimentar deu muita coisa, depois acabou, cada qual por si e mais nada, se queremos algo, leite, temos de comprar, mas não ganhamos para aquilo.”
Questionado sobre qual a justificação recebida para a resolução tardia, respondeu que a Segurança Social da Madeira lhes transmite que “estão a arranjar casa e não há casas, não há casas, não há casas, mas nós sabemos que há.”
Contactámos a Segurança Social da Madeira que garantiu estar a trabalhar com a Secretaria Regional da Inclusão, Trabalho e Juventude e com o Instituto de Segurança Social, através de equipas técnicas que visitam diariamente estes desalojados, na tentativa de prestar apoio social, de saúde e na procura de habitação, por isso, trabalham também, em parceria com a Câmara Municipal do Funchal e com a Investimentos Habitacionais da Madeira.
“Não obstante a duração do alojamento transitório de emergência ser de no máximo 72 horas, o ISSM tem assegurado o alojamento de emergência e, como tal provisório, por um período superior, por forma a que todos os cidadãos consigam encontrar alternativas habitacionais adequadas à sua situação”. Considera assim, que o saldo deste realojamento é positivo, com 21 pessoas já realojadas. O mesmo não sentem diariamente estes 11 homens que continuam a dormir em colchões no chão.