Miguel Albuquerque, presidente do governo da Madeira que o Ministério Público também acredita ter um pacto corruptivo com empresas da região, gozou com a família, por exemplo, de “umas férias de luxo com experiência premium e crédito ilimitado” no hotel Savoy do Funchal, conforme as magistradas descrevem no processo a que a CNN Portugal teve acesso. A oferta foi de Avelino Farinha, dono da empresa AFA que detém o Savoy e, na vertente da construção civil, é responsável pela esmagadora maioria das obras públicas na Madeira.
Entre a última semana de junho e a primeira de julho de 2023, o governante instalou-se cinco dias com a mulher e dois filhos no Savoy, alegadamente a custo zero. Terá sido Luís Miguel Silva, adjunto de Miguel Albuquerque, a solicitar a Avelino Farinha que providenciasse dois quartos na unidade hoteleira.
O Ministério Público suspeita que Avelino Farinha determinou a Bruno Freitas, administrador executivo do grupo AFA, que fosse dado um tratamento preferencial ao presidente do governo regional: em alguns dos pacotes, uma estadia de uma semana no Savoy ultrapassa os 6100 euros por pessoa.
A investigação acredita que a proximidade entre Avelino e Albuquerque permitiu estas férias como exemplo de contrapartida por atos praticados enquanto presidente do governo da Madeira “suscetíveis de beneficiarem o grupo AFA e o próprio Avelino Farinha. A confirmar-se a situação, tal consubstanciará uma vantagem pecuniária ilegítima”.