As manifestações de terça-feira à noite em Madrid contra a amnistia de independentistas catalães terminaram com 39 feridos, 29 deles polícias, e com a detenção de seis pessoas, revelaram as autoridades espanholas esta quarta-feira.
Milhares de pessoas voltaram na terça-feira a manifestar-se em Madrid e noutras cidades espanholas contra a amnistia de independentistas, com o protesto da capital a terminar com nova intervenção policial para dispersar a multidão.
As concentrações ao início da noite em frente de sedes do partido socialista espanhol (PSOE), atualmente no poder em Espanha, estão a ser convocadas diariamente nas redes sociais por grupos de extrema-direita e têm sido apoiadas pelo Vox, a terceira força política no parlamento.
Entre gritos e cartazes com palavras de ordem contra o PSOE e o líder do partido, o primeiro-ministro Pedro Sánchez, os manifestantes têm também gritado vivas ao ditador Francisco Franco e exibido bandeiras espanholas do período da ditadura.
Segundo os serviços de emergência médica, 39 pessoas com ferimentos, 29 delas polícias, foram atendidas na terça-feira nas imediações da sede nacional do PSOE, na rua Ferraz, em Madrid.
Quatro dos feridos foram levados para o hospital, polícias atingidos pelo lançamento de objetos.
Seis pessoas foram, por outro lado, detidas por desordem pública.
Nas imediações da sede nacional do PSOE, em Madrid, concentraram-se cerca de 7.000 pessoas, depois de na segunda-feira terem estado no mesmo local mais de 3.000, segundo números das autoridades.
Na terça-feira, um grupo de mais de 500 pessoas deslocou-se também para as imediações do parlamento espanhol, tendo cortado a Gran Vía, uma das principais artérias do centro de Madrid. Após alguns minutos perto do parlamento, o grupo regressou à concentração em frente da sede do PSOE.
A manifestação foi dispersada pela polícia, por elementos de forças antidistúrbios, após pouco mais de duas horas de concentração, quando parte dos manifestantes já tinha abandonado o local e quando um grupo começou a atirar objetos às forças de segurança e a tentar forçar as barreiras que haviam sido colocadas na rua e os cordões policiais.
Na segunda-feira, já tinha havido uma carga policial e três pessoas foram detidas no final da manifestação de Madrid.
O PSOE suspendeu na terça-feira a atividade nas sedes que tem pelo país por causa da possibilidade de concentrações violentas em frente dos edifícios.
O presidente do Vox (extrema-direita), Santiago Abascal, que esteve na concentração de Madrid na segunda-feira, disse na terça-feira que o Governo ordenou uma carga policial perante uma manifestação "pacífica e legal" e pediu à polícia para "não cumprir ordens ilegais caso se voltem a repetir".
Abascal prometeu na segunda-feira que as "mobilizações contra o golpe vão ser constantes e crescentes".
Além do Vox, também na segunda-feira o presidente do Partido Popular espanhol (PP, direita), Alberto Núñez Feijóo, prometeu contestação aos acordos do PSOE com os independentistas catalães "com todos os recursos, em todas as instâncias e em todos os âmbitos", incluindo nas ruas, e convocou manifestações em 52 cidades no próximo domingo.
Na terça-feira, o PP realçou que não está por trás das manifestações convocadas para as imediações das sedes do PSOE e Feijóo, apesar de culpar Sánchez pelo "mal estar social", pediu protestos "com respeito e exemplaridade".
Na sequência das eleições espanholas de 23 de julho, o PSOE está a fechar acordos com partidos nacionalistas e independentistas catalães, bascos e galegos que incluem uma amnistia para independentistas da Catalunha que protagonizaram a tentativa de autodeterminação da região em 2017.
Se todos os acordos se confirmarem, Pedro Sánchez poderá ser reconduzido como líder do Governo de Espanha.
Se até 27 de novembro não houver novo primeiro-ministro investido pelo parlamento, Espanha terá de repetir as eleições.