A polícia moçambicana deteve dois homens suspeitos de envolvimento no rapto de um empresário português, ocorrido a 7 de outubro em Maputo, anunciou esta segunda-feira o Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic), que espera em breve chegar à vítima.
“Queremos confirmar a detenção de dois cidadãos nacionais, de idades entre 30 e 46 anos”, disse esta segunda-feira em conferência de imprensa João Adriano, porta-voz do Sernic em Maputo, apresentando os dois suspeitos aos jornalistas.
Em causa está o rapto do empresário português, de 69 anos, que também tem nacionalidade moçambicana, na baixa de Maputo, em frente ao seu estabelecimento comercial, por um grupo que seguia numa viatura branca e sem chapa de matrícula, o primeiro caso do género conhecido publicamente desde junho.
O porta-voz garantiu que a investigação está a correr a “passos largos” para a resolução do crime e reiterou que a “maior necessidade” agora é trazer a vítima ao convívio familiar: “A partir dos resultados obtidos, estamos cientes de que a breve trecho vamos convidar a imprensa para nos pronunciar a respeito da localização”.
Segundo João Adriano, os suspeitos, que fazem parte de um grupo de oito pessoas envolvidas no rapto, foram detidos ao longo da estrada Nacional 4 (N4), no distrito de Moamba, na província de Maputo, sul do país, quando se faziam transportar numa das viaturas usadas durante o crime.
“Esses indivíduos foram detidos em flagrante, transportavam esta viatura para África do Sul e o entendimento nosso, sem dúvida, é de que queriam queimar a prova, queriam se desfazer da mesma, que é para, se calhar, dificultar o trabalho investigativo”, explicou, acrescentando que o segundo automóvel usado no crime também se encontra no país vizinho.
Adriano assinalou ainda que no interior da viatura foi encontrada a chapa de matrícula usada durante o rapto: “Esta viatura naquele dia ostentava uma certa chapa de matrícula nacional, então essa chapa de matrícula encontrava-se no interior daquela viatura.”
Com os dois suspeitos detidos, a polícia moçambicana garante estar a trabalhar para a captura dos restantes envolvidos, sendo que um já foi identificado e conta com um mandato de prisão.
“Temos a identificação [do suspeito], não podemos revelar aqui, mas o Sernic está a fazer um trabalho para localizá-lo e a breve trecho ser trazido aqui para o conhecimento de todos e, se calhar, para ser responsabilizado em sede processual”, afirmou.
O ministro do Interior moçambicano, Paulo Chachine, garantiu no dia 22 de outubro haver um trabalho “muito intenso e profundo” na investigação do rapto do cidadão português, no sexto sequestro este ano.
“A investigação está a ocorrer, está a ocorrer, é um processo. Há um trabalho muito intenso, um trabalho muito profundo que está a ser realizado pela Polícia da República de Moçambique [PRM] e pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal, com vista ao esclarecimento deste caso”, disse Paulo Chachine, à margem da cerimónia de tomada de posse de novos oficiais comissários da PRM, em Maputo.
O Governo moçambicano disse no mesmo dia, 7 de outubro, ter sido informado do rapto do empresário, aguardando pela atuação das forças de segurança, mas sublinhou os progressos para controlar este tipo de crime no país.
Este é o primeiro caso conhecido publicamente desde 21 de junho, quando um cidadão libanês, proprietário de uma farmácia, foi raptado no estabelecimento, no centro de Maputo.
A polícia moçambicana registou, desde 2011 até março de 2024, um total de 185 raptos e pelo menos 288 pessoas detidas por suspeitas de envolvimento neste tipo de crime, indicam os últimos dados avançados pelo Ministério do Interior.