Quem é Maria Lvova-Belova, a aliada de Putin acusada de raptar crianças ucranianas? - TVI

Quem é Maria Lvova-Belova, a aliada de Putin acusada de raptar crianças ucranianas?

Maria Lvova-Belova (Mikhail Metzel, Sputnik, Kremlin Pool Photo via AP)

A provedora para os Direitos da Criança na Rússia é responsável por, pelo menos, 23 crianças, entre filhos biológicos, adotados e aqueles de quem é tutora legal. Cultiva uma imagem de benfeitora

Putin não foi o único alvo do mandado de captura do Tribunal Penal Internacional. Surge também o nome de Maria Lvova-Belova. Mas quem é esta mulher? 

Lvova-Belova é provedora para os Direitos da Criança no gabinete do presidente. É um cargo que ocupa desde outubro de 2021, quatro meses antes do início da guerra na Ucrânia. 

E é na Ucrânia, em particular nos territórios ocupados pelos russos, que ela é acusada de levar a cabo crimes de guerra: deportando crianças ucranianas para a Rússia, separando-as das suas famílias. 

Com as cidades onde viviam ocupadas pelos russos, as famílias viam-se forçadas a enviar as suas crianças para acampamentos de verão no Mar Negro. Encaravam esse destino, promovido com uma imagem de normalidade, como uma forma de proteger as crianças. Mas não sabiam que ficariam sem elas. 

Aos 38 anos, Lvova-Belova promove-se nas redes sociais como uma benfeitora, aliada a um cuidado extremo na roupa e no cabelo louro, sempre imaculados. 

É casada com um padre ortodoxo. Tem cinco filhos biológicos e outros cinco adotados. Um deles é Filip, um adolescente de 15 anos, que adotou na primavera de 2022, vindo de Mariupol, uma das cidades mais massacradas pela Rússia. Na televisão, em lágrimas, disse que foi recolhido das ruas, a onde foi parar por vontade dos seus tutores legais, após a mãe morrer de cancro. 

“Ela é a pessoa mais bonita que conheci na minha vida. Nunca conheci ninguém que me amasse tanto como ela”, descreveu o rapaz numa entrevista, embora não se saiba se foi forçado ou não a dizê-lo. 

A isto juntam-se pelo menos outras 13 crianças, de que é tutora legal, através das múltiplas associações que foi criando com recurso a fundos estatais públicos. 

Em fevereiro, a CNN dava conta de que Lvova-Belova continuava a visitar territórios ucranianos ocupados pela Rússia, acompanhando crianças até à Rússia, onde elas são adotadas por famílias russas. 

Nas suas redes sociais, a provedora partilha frequentemente fotos e vídeos a elogiar o processo de integração destas crianças nas novas famílias.  

“É maravilhoso que a comunidade internacional tenha apreciado este trabalho para ajudar as crianças de nosso país. Que não as deixemos em zonas de guerra, que as tiremos de lá, que criemos boas condições para elas, que as cerquemos de pessoas amorosas e atenciosas”, reagiu à agência russa Ria Novosti. 

Lvova-Belova foi senadora pela região de Penza, onde nasceu. Durante vários anos deu aulas de guitarra na sua cidade natal.  

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