O ministro da Saúde Manuel Pizarro considera que o Governo fez “mais uma enorme aproximação” às revindicações dos médicos com a proposta entregue este sábado aos sindicatos.
“O Ministério da Saúde fez mais uma enorme aproximação aos pedidos e reclamações dos médicos e seus sindicatos”, afirmou à entrada da reunião de emergência com as estruturas sindicais que representam os médicos.
Pizarro destacou que o executivo dá esse sinal de boa fé ao aceitar “generalizar progressivamente” o horário das 35 horas semanais e ao reduzir o número de horas que cada médico é obrigado a fazer nos serviços de urgência.
Contudo, deixou um apelo aos sindicatos para uma colaboração no esforço de garantir o atendimento aos portugueses e de reestruturar a organização do próprio Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Isto só pode ser feito desde que possamos assegurar uma métrica de resultados que permitam garantir que estas mudanças não vão pôr em causa a assistência aos portugueses”, disse, lembrando as dificuldades sentidas no SNS nos últimos tempos.
O ministro da Saúde considerou que a proposta é uma base para estabelecer um “compromisso” que “interesse a ambas as partes”. Ainda assim, espera uma negociação, “longa, demorada, mas profícua”.
Questionado sobre aumentos salariais, Pizarro respondeu apenas que “tudo o que o ministério já tinha apresentado até suplantava as reivindicações sindicais”.
A proposta entregue não agradou aos sindicatos dos médicos. O Sindicato Independente dos Médicos já garantiu que vai apresentar uma contraproposta na reunião deste domingo, mostrando-se “desapontado pela insensibilidade e incapacidade do Governo de perceber o que se passa”.
Os sindicatos médicos que estão agora reunidos com o ministro da Saúde mostram-se, à entrada para areunião, disponíveis para chegar a acordo, mas consideram que o Governo tem de melhorar as propostas durante a reunião desta tarde.
"Pela Federação Nacional dos Médicos, esse acordo só não acontece se o Governo não tiver vontade política para chegar a acordo", disse Joana Bordalo e Sá aos jornalistas, à entrada para a reunião.
"Recebemos a contraproposta do Governo às 00:36 de hoje, o que demonstra a falta de competência e de diligência a que já estamos habituados há 18 meses, o que mostra que o Governo não quer resolver a situação", disse a sindicalista, vincando que os dois maiores sindicatos médicos até apresentaram uma contraproposta pronta a assinar.
"Juntamente com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), apresentámos uma proposta com um articulado jurídico, prontinha para assinar, mas o que nos enviaram é só um princípio de acordo que não revê as situações necessárias para os médicos estarem no Serviço Nacional de Saúde (SNS), e a forma como querem implementar os nossos três pontos são perfeitamente inaceitáveis", acrescentou.
O que o Governo quer, disse Joana Bordalo e Sá, "não é um verdadeiro faseamento [da redução das horas de serviço e das horas feitas nas urgências], é uma moeda de troca, pedem mais trabalho para essa reivindicação ser aceite, e a contraproposta do Governo é omissa sobre os salários".
Pelo SIM, Jorge Roque da Cunha disse que o acordo "está nas mãos do Governo, que aceitou reduzir os horários”. “Mas as circunstâncias concretas, do nosso ponto de vista, não fazem sentido", adiantou.
Nas declarações aos jornalistas antes do início da reunião, o dirigente do SIM vincou estar "com espírito construtivo e vontade de chegar a acordo", mas alertou que "é importante que o governo perceba que, se a situação continuar como até agora, vai piorar, e mudar está totalmente nas mãos do ministro da Saúde".