Capitalismo popular: nunca os pequenos investidores tiveram tanto peso na bolsa de Lisboa - TVI

Capitalismo popular: nunca os pequenos investidores tiveram tanto peso na bolsa de Lisboa

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  • Alberto Teixeira
  • 4 mar 2023, 14:00
Dinheiro

Peso dos pequenos investidores na bolsa de Lisboa triplicou nos últimos três anos, atingindo os 15% do volume negociação. Euronext justifica aumento com estrangeiros que vieram morar para Portugal

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É o regresso do capitalismo popular? Pelo menos, nunca os pequenos investidores tiveram tanto peso na bolsa de Lisboa como agora, segundo se lembra a presidente da Euronext Lisbon. Em 2022, 15% das ações negociadas na praça portuguesa passaram pelas mãos de individuais, o triplo do que acontecia há três anos, uma tendência que se explica com a pandemia e com o aumento do número de estrangeiros que vieram morar para Portugal.

“Tivemos aumento significativo do investidor de retalho na bolsa. É um movimento que vem da pandemia e que se mantém ativo”, explicou Isabel Ucha num encontro com os jornalistas.

“No ano passado, o aumento teve a ver com os estrangeiros que estão a vir do Brasil, França e outras regiões do mundo, incluindo Hong Kong. Estão a descobrir Portugal para trabalharem e também investirem cá”, acrescentou a responsável.

Em 2019, o peso dos pequenos investidores era de apenas 5%, e triplicou desde então, segundo os dados fornecidos pela Euronext. Isto significa que os investidores do retalho negoceiam cerca de 5,5 milhões de euros do total de 137 milhões que são transacionados todos os dias em Lisboa.

Negociação dos investidores particulares, % do total

Isabel Ucha resiste em falar em capitalismo popular. Ainda assim, salienta que, se apelidarmos este fenómeno com aquele teve maior expressão na década de 90, estamos agora perante um crescimento de pequenos investidores mais sofisticados, financeiramente com maior literacia e que negoceia sobretudo nas plataformas online.

Isabel Ucha nota também que são investidores com maiores recursos financeiros. E isso mostram também dos dados históricos relativos às ordens que dão, que aumentou, em termos médios, dos 5.000 euros em 2019 para os 6.000 euros no final do ano passado.

Nos mercados operados pela Euronext, Lisboa só é ultrapassada pela bolsa italiana (recentemente adquirida), onde o peso do retalho ultrapassa os 20%. Em praças como Amesterdão, Bruxelas e Paris chega apenas aos 5%.

Apesar da turbulência nos mercados no ano passado, a bolsa de Lisboa alcançou uma valorização de 3%, divergindo das outras praças. Fechou 2022 com uma capitalização bolsista de 83 mil milhões de euros, a segunda maior de sempre – apenas atrás dos 90 mil milhões de market cap que atingiu em 2007, antes da crise do subprime.

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