Meteorito com quase 8 kg descoberto na Antártida (é um dos maiores de sempre) - TVI

Meteorito com quase 8 kg descoberto na Antártida (é um dos maiores de sempre)

  • CNN
  • Jackie Wattles
  • 28 jan 2023, 23:00
Durante uma expedição à Antártida que terminou em 16 de janeiro, uma equipa de investigadores encontrou cinco meteoritos, incluindo uma das maiores amostras encontradas no continente. Cortesia: Maria Valdes

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Durante uma recente excursão às planícies geladas da Antártida, uma equipa internacional de investigadores descobriu cinco novos meteoritos - incluindo um dos maiores alguma vez descoberto naquele continente.

O raro meteorito tem aproximadamente o tamanho de um melão, mas pesa 7,7 quilos. É um dos cerca de 100 desse tamanho ou maiores descoberto na Antártida, um local privilegiado para a procura de meteoritos, onde foram encontradas mais de 45.000 rochas espaciais.

Agora, a descoberta excepcional segue para o Instituto Real Belga de Ciências Naturais, em Bruxelas, onde será estudada. E Maria Valdes, investigadora do Museu Field de História Natural, em Chicago, e da Universidade de Chicago, que fez parte da expedição, guardou parte do material para a sua própria análise.

A área de foco de Valdes é a cosmoquímica. Isso "significa, em termos gerais, que utilizamos meteoritos para estudar a origem e evolução do sistema solar através de métodos químicos", disse à CNN. A cientista vai usar ácidos para dissolver as amostras antes de usar um processo chamado calibração para isolar vários elementos que compõem a rocha.

"Depois posso começar a pensar na origem desta rocha, como evoluiu ao longo do tempo, de que tipo de corpo-mãe veio, e onde no sistema solar esse corpo-mãe se formou. Estas são algumas das grandes questões que tentamos abordar", explicou.

Sobre a 'caça'

Os meteoritos atingem a Terra em toda a sua superfície, pelo que a Antártida não tem uma grande concentração, observou Valdes. Mas o gelo branco puro é um pano de fundo ideal para avistar as rochas negras.

A 'caça' aos meteroides [que dão origem aos meteoritos quando entram na atmosfera] é, "realmente, de baixa tecnologia e menos complicada do que as pessoas possam pensar", revelou Valdes. "Ou andamos por aí a pé ou numa mota de neve, a olhar para a superfície."

Da esquerda para a direita da foto: Maria Schönbächler, Ryoga Maeda, Vinciane Debaille e Maria Valdes. Cortesia: Maria Valdes

Mas a equipa tinha uma ideia de onde procurar. Um estudo realizado em janeiro de 2022 utilizou dados de satélite para ajudar a restringir os locais mais prováveis para encontrar meteoritos.

"Os próprios meteoritos são demasiado pequenos para serem detetados a partir do espaço com satélites", sublinhou Valdes. "Mas este estudo utilizou medições por satélite da temperatura da superfície, inclinação da superfície, velocidade da superfície, espessura do gelo - coisas assim. E ligou os dados a um algoritmo para nos dizer onde estão as maiores probabilidades de encontrar zonas de acumulação de meteoritos."

Distinguir um meteorito de outras rochas pode ser um processo complicado, observou Valdes. Os investigadores procuram a crosta de fusão, um revestimento vítreo que se forma à medida que o objeto cósmico entra a grande velocidade na atmosfera da Terra.

"Muitas rochas podem parecer meteoritos, mas não são", disse.

Outra característica distintiva é o peso da amostra. Um meteorito é muito mais pesado do que uma rocha terrestre do mesmo tamanho, porque está repleto de metais densos.

As condições que os investigadores suportaram no terreno foram extenuantes. Embora Valdes e três outras cientistas tenham realizado a sua missão durante o "verão" do continente, com 24 horas diárias de luz, as temperaturas ainda andavam à volta dos -10ºC, de acordo com um comunicado do Museu Field.

A equipa de investigação passou cerca de uma semana e meia com um guia, vivendo em tendas montadas no terreno gelado. Contudo, Valdes disse que ela e as suas colegas também passaram algum tempo numa estação de investigação belga perto da costa da Antártida, onde desfrutaram de comidas quentes e até fondue de queijo.

Quando se trata de investigação, a boa notícia, acrescentou Valdes, é que os cinco meteoritos que ela e as suas colegas descobriram nesta expedição são apenas a ponta do icebergue.

"Estou ansiosa por voltar. De acordo com o estudo, há pelo menos 300.000 meteoritos à espera de serem recolhidos na Antártida. E quanto maior for o número de amostras que tivermos, melhor poderemos compreender o nosso sistema solar", afirmou.

A excursão foi liderada por Vinciane Debaille, professora na Université Libre de Bruxelles, em Bruxelas. Além de Maria Valdes, participaram Maria Schönbächler, professora na Eidgenössische Technische Hochschule de Zurique, e a estudante de doutoramento Ryoga Maeda da Vrije Universiteit Brussel e da Université Libre de Bruxelles.

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