Hipólito Mora, agricultor e um dos líderes de um movimento de “autodefesa” contra os cartéis de droga no México, foi assassinado quinta-feira, avançam o Reporte 18 e o Guardian. Tinha 66 anos.
O político Guillermo Valencia, do estado de Michoacan, local onde Hipólito Mora ajudou a lançar uma revolta rural contra os narcotraficantes da região, lamenta a morte do “seu amigo”.
Me acaban de confirmar que en un atentado asesinaron a mi amigo #HipolitoMora, prendieron fuego a su camioneta blindada y asesinaron a todos sus escoltas, en este #Michoacán vivimos y las autoridades se empeñaron en negar la situación , ¿ahora que dirán?
— Guillermo Valencia (@MemoValenciaR) June 29, 2023
Vários veículos utilizados por elementos do crime organizado emboscaram Hipólito Mora e os seus guarda-costas no cruzamento da rua Hiquingae com a rua Fray Diego de Basalenque, em La Ruana, avança o Reporte 18.
Os corpos de Hipólito Mora, bem como o de Saulo Gamaliel Alcantar - um oficial da Guarda Civil que acompanhava o fundador do movimento de "autodefesa" e que se tentou refugiar numa casa próxima - e os de dois agentes da polícia municipal - Roberto Naranjo Andrade e outro ainda não identificado - foram parcialmente queimados, adiciona ainda o Reporte 18.
O movimento “autodefesa” foi criado em 2013 quando Hipólito Mora e o médico José Manuel Mireles Valverde, entre outros, incitaram os civis a combater os cartéis de droga que tomaram conta de várias regiões do país, de acordo com o Guardian.
O agricultor de limas era um dos últimos líderes sobreviventes do movimento de vigilantes armados de Michoacan, no qual agricultores se uniram para expulsar o cartel dos Cavaleiros Templários. Hipólito Mora foi também um dos poucos a ficar na sua cidade depois desta luta contra os cartéis - quis cuidar das suas limas.
No entanto, segundo o The Independent, Hipólito Mora já se tinha queixado nos últimos tempos de que muitas forças de vigilância tinha elementos dos cartéis infiltrados e que a violência dos gangues estava pior do que nunca.
Em entrevista ao Guardian, em fevereiro de 2022, insistiu que se tinha afastado do movimento e prometeu nunca abandonar a comunidade agrícola onde nasceu e cresceu. Hipólito Mora disse também que apenas duas coisas o podiam impedir de parar de falar sobre os grupos de crime organizado: a primeira, um aumento de segurança; a outra, “que penso que é a forma como vão tentar silenciar-me, é assassinar-me".
"O que quero deixar bem claro é que, no dia em que me atacarem, se me derem a mais pequena oportunidade eu vou à luta", disse. "Não vou ficar sentado de braços cruzados", acrescentou. "Vou morrer a defender os meus direitos e a defender a minha vida."