Só no mês de maio, os portugueses gastaram, do próprio bolso, 8,5 milhões de euros a comprar Mounjaro, o medicamento contra a diabetes que ajuda a emagrecer. O produto da Eli Lilly, multinacional farmacêutica com sede nos Estados Unidos, foi o mais faturado ao balcão das farmácias.
Na dose mais elevada até agora disponível em Portugal, de 10mg, o fármaco custa 337,63€. Em breve, vão ser introduzidas no mercado concentrações mais elevadas, de 12,5mg e 15mg, que deverão apresentar preços superiores.
Porta aberta à fraude?
Existe, no entanto, uma porta na legislação que dá acesso a este medicamento de graça. Trata-se dos despachos que garantem a comparticipação de todos os fármacos prescritos a doentes com paramiloidose, lúpus, hemofilia ou hemoglobinopatias. A TVI teve acesso a uma receita, invocando este regime, em favor de um doente não portador dessas doenças, o que indicia a possibilidade de fraude.
O Infarmed, autoridade reguladora do medicamento em Portugal, “não tem conhecimento de quaisquer prescrições indevidas ao abrigo destes regimes especiais”.
O Estado investiu, em 2024, 22,8 milhões de euros para comparticipar 1,6 milhões de embalagens de medicamentos receitados com invocação daquelas doenças. Entre eles, o Mounjaro e medicamentos similares, como o Ozempic: 7.878 embalagens a custo zero para os doentes, graças a 650 mil euros de comparticipação do SNS.
Na resposta enviada à CNN Portugal, o Infarmed não divulgou números relativos a este ano.