Victor Montagliani, vice-presidente da FIFA e presidente da CONCACAF, respondeu às recentes declarações de Donald Trump sobre a possibilidade de retirar jogos a algumas cidades norte-americanas no Mundial 2026. O dirigente canadiano foi perentório ao sublinhar que a decisão pertence unicamente ao organismo que tutela o futebol mundial.
«No fim do dia, é um torneio da FIFA. A FIFA toma essas decisões. Mesmo nos primeiros dias, quando estávamos a decidir as cidades, foi uma decisão da FIFA. Foi a nossa decisão baseada nos critérios estabelecidos. Mas, se a FIFA quisesse mover um jogo de eliminatórias, ou ter menos jogos nesta cidade e mais naquela, seria sempre decisão da FIFA. Está sob a jurisdição da FIFA», afirmou numa conferência de imprensa esta quarta-feira.
Montagliani explicou ainda que as críticas relacionadas com os horários dos jogos em competições disputadas na América do Norte – nomeadamente o último Mundial de Clubes – são também um desafio para o próximo Mundial.
«Haverá algum jogo que seja absolutamente perfeito em termos de hora de início e de perspetiva televisiva? Não sei, porque são muitos jogos. Mas acho que tudo isso está a ser tido em consideração», disse, recordando que as altas temperaturas no verão norte-americano obrigam a um equilíbrio entre saúde dos atletas, público no estádio e audiências televisivas, sobretudo na Europa.
A questão da mobilidade dos adeptos foi também levantada, uma vez que cidades como Santa Clara, Arlington ou Foxborough dependem largamente do transporte rodoviário. Montagliani garantiu que a organização do Mundial é incomparável com a do Campeonato do Mundo de clubes.
«O Mundial tem um planeamento muito maior. Há um componente de transporte público muito mais forte e as cidades estão muito mais envolvidas. No caso do Campeonato do Mundo de clubes não houve isso, mas num Mundial há acordos obrigatórios com cidades, federações e governos. É um produto diferente, não é comparável», afirmou.
Em relação ao caso de Israel, e à pressão de organizações internacionais para que a FIFA suspenda a federação israelita, o vice-presidente do organismo remeteu a decisão para a UEFA.
«Antes de mais, é um membro da UEFA. Não é diferente de eu ter de lidar com membros da minha região. Tenho de respeitar o processo da UEFA e qualquer decisão que eles tomem. Claro que há comunicação entre UEFA e FIFA, mas é uma questão que está na esfera deles», atirou.
Já olhando para o futuro, Montagliani comentou ainda o debate em torno do formato do Mundial 2030, que será organizado em seis países, entre os quais, Portugal, e arranca na América do Sul. O dirigente mostrou reservas quanto a um eventual alargamento do torneio para 64 seleções.
«Se for estudado, tem de ser pelos motivos certos, não apenas porque alguns querem mais jogos. Todos querem mais jogos, claro. Mas ainda nem sequer começámos o Mundial com 48 equipas. Ir para 64 significaria 128 jogos. Isso alongaria a competição para oito semanas. Não sei se faz sentido, não vejo argumento para isso neste momento», concluiu.
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