Da maturidade tática ao caos: como jogam os adversários do FC Porto no Mundial de Clubes - TVI

Da maturidade tática ao caos: como jogam os adversários do FC Porto no Mundial de Clubes

FC Porto-Moreirense (FOTO: José Coelho/LUSA)

Palmeiras é o mais forte e principal favorito a passar aos «oitavos», juntamente com os dragões. Inter Miami deposita em Messi todas as esperanças, mas dá tiros nos pés na defesa, assim como o Al Ahly

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O FC Porto tem como objetivo mínimo chegar aos oitavos de final do Mundial de Clubes e, olhando para a valia dos adversários que vai defrontar no Grupo A, esse é um cenário perfeitamente alcançável.

Os dragões vão iniciar a prova a 15 de junho, diante do Palmeiras (23h00), defrontam o Inter Miami quatro dias depois (20h00) e, no dia 24, têm encontro marcado com o Al Ahly.

Venha daí perceber quem são, como jogam e os principais destaques dos adversários do FC Porto, com ajuda em gráfico do SofaScore.

PALMEIRAS

Primeiro adversário do FC Porto no Mundial de Clubes, o Palmeiras parte como candidato à conquista do Grupo A, assim como os dragões.

Apesar do desaire na final do Paulistão, o Palmeiras teve um bom arranque de temporada. No entanto, as derrotas recentes com os rivais diretos Flamengo e Cruzeiro fizeram cair a equipa de Abel Ferreira do primeiro para o quarto posto do Brasileirão. O desempenho na Libertadores, porém, foi excelente – o Palmeiras está nos oitavos de final, depois de seis vitórias em seis jogos na fase de grupos.

O Verdão chega com ritmo ao Mundial de Clubes. Desde o arranque da temporada no Brasil, em meados de janeiro, fez 35 jogos, com 23 vitórias, sete empates e cinco desaires. Com 58 golos marcados, tem uma média de 1.66 golos apontados por partida. Por outro lado, sofre, em média, menos de um golo por jogo (0.66).

Jogadores do Palmeiras (Paloma del Solar/EPA)

Como joga o Palmeiras?

Solidez. É essa a palavra que melhor descreve a equipa de Abel Ferreira, que já está há cinco anos no Palmeiras. O tempo de trabalho permitiu ao treinador português dotar a equipa de uma grande maturidade tática. O Verdão destaca-se pela capacidade defensiva e é uma equipa forte na bola parada. Por vezes, faltam-lhe ideias no momento ofensivo.

Abel tem apresentado diferentes sistemas esta temporada. A equipa tanto pode jogar em 4-4-2, como se viu nos últimos jogos, como pode adotar uma linha de cinco na defesa. Neste caso, o lateral-direito Giay tem de fechar como central. Facundo Torres pode sair da esquerda e fazer de terceiro médio, com o lateral-esquerdo Piquerez a ganhar liberdade para atacar. Estêvão e o avançado ficam mais soltos para o contra-ataque (numa espécie de 5-3-2). Neste sistema, em organização ofensiva, Estêvão ocupa uma posição de 10.

O último mercado permitiu reforçar a equipa em alguns setores e rejuvenescer o plantel, que tinha alguns jogadores em fim de ciclo. O avançado Vitor Roque foi uma das principais contratações, mas ainda não justificou o investimento, tendo apenas três golos desde que chegou do Barcelona.

Também o atacante Paulinho ainda não conseguiu dar o seu contributo em pleno, devido a questões físicas. Por outro lado, Facundo Torres, extremo ex-Orlando City, é peça fundamental no onze.

Estêvão (AP Photo/Andre Penner)

Os jogadores a ter em conta

Já vendido ao Chelsea, Estêvão é a principal figura do Palmeiras. É forte no drible, mas também tem ótima visão de jogo e acerto no passe. Notabiliza-se ainda pela execução de remate, partindo maioritariamente da direita para o meio. Em 32 jogos, o atacante de 18 anos leva 11 golos e cinco assistências.

Importa ainda destacar o patrão da defesa Gustavo Gómez e Richard Ríos, motor do meio-campo, que já foi colocado na rota do FC Porto. Raphael Veiga, senhor das bolas paradas, a par de Estêvão, tem tido uma época de menor fulgor mas merece vigilância apertada.

Uma das grandes debilidades do Palmeiras é a falta de um matador – o avançado Flaco López leva dez golos, contudo, está longe de ser esse tipo de avançado.

Onze provável do Palmeiras

Weverton; Giay, Bruno Fuchs, Gustavo Gómez e Piquerez; Aníbal Moreno, Richard Ríos e Raphael Veiga; Estêvão, Facundo Torres e Vitor Roque.

INTER MIAMI

Um dos jogos que maior expectativa está a gerar nos adeptos portistas é o da segunda jornada, diante do Inter Miami, clube fundado em 2018 e que tem David Beckham como presidente.

A equipa de Lionel Messi conseguiu a presença no Mundial de Clubes ao vencer o MLS Supporters' Shield, prémio relativo ao melhor desempenho da fase regular da liga norte-americana, com um recorde de 74 pontos. Gianni Infantino conseguiu, assim, ter a equipa de Messi como representante do país anfitrião.

Depois de um período com apenas uma vitória em oito jogos, com a eliminação nas meias-finais da Champions da CONCACAF pelo meio, o Inter Miami chega ao Mundial após duas vitórias, diante de Montréal (4-2) e Columbus Crew (5-1). É o terceiro classificado da Conferência Este da MLS.

Em 24 jogos em 2025, o Inter Miami leva 13 vitórias, cinco empates e seis derrotas, além de uma média de exatamente dois golos marcados por jogo e de 1.46 sofridos por partida.

Como joga o Inter Miami?

Apenas com experiências nas seleções jovens da Argentina, Javier Mascherano, antigo colega de Messi no Barcelona, assumiu o comando da equipa da Florida.

As principais figuras da equipa já ultrapassaram largamente a barreira dos 30 anos. Messi tem 37, Luis Suárez 38 e Sergio Busquets e Jordi Alba (em dúvida devido a lesão) estão ambos com 36. Uma das maiores dificuldades do Inter Miami será, por isso, acompanhar o ritmo das restantes equipas do grupo.

Messi é um verdadeiro faz-tudo no Inter Miami. A equipa vive de rasgos individuais do internacional argentino, que pensa e organiza o jogo, muitas vezes com bolas longas para os avançados. Porém, Messi não se inibe, claro está, de aparecer na frente, onde marca largamente a diferença. Por outro lado, tanto Messi como Suárez ficam alheados de tarefas defensivas, desequilibrando a equipa – a defender, num 4-4-2, são os mais adiantados.

O Inter Miami gosta de pressionar alto e é forte nas transições ofensivas. No entanto, tem muitas debilidades na defesa e é apanhado em contrapé em diversas ocasiões, porque joga demasiado aberto. Desta forma, cria muito espaço no meio, até porque a última linha nem sempre acompanha as duas mais adiantas (meio-campo e ataque). A juntar a isto, a qualidade individual da defesa deixa a desejar – e as lesões neste setor não têm ajudado.

Tadeo Allende, Telasco Segovia e Lionel Messi (AP Photo/Rebecca Blackwell)

Os jogadores a ter em conta

Lionel Messi é capaz de decidir um jogo a qualquer momento e, apesar de ser preciso levar em conta o contexto em que está inserido, já tem 15 golos em 20 jogos este ano.

Sem a velocidade de outrora, parece passear pelo campo quando, de um momento para o outro, desbloqueia uma jogada com um passe decisivo, embora nem sempre os colegas dêem o melhor seguimento ao lance.

Além dos ex-Barça, há alguns nomes com impacto no Inter Miami. O avançado Tadeo Allende, emprestado pelo Celta de Vigo, já soma oito golos esta época, mas é Telasco Segovia, ex-Casa Pia, quem mais se destaca à parte das estrelas da companhia.

Muito enérgico e dotado de boa capacidade técnica, o venezuelano tem um grande raio de ação, sabe pensar o jogo ofensivo da equipa e também é útil na transição. A juntar a isso, tem revelado instinto para chegar à área e finalizar.

Onze provável do Inter Miami

Oscar Ustari; Marcelo Weigandt, Maximiliano Falcon, David Martínez e Jordi Alba; Sergio Busquets, Federico Redondo e Telasco Segovia; Lionel Messi, Tadeo Allende e Luis Suárez.

AL AHLY

Último adversário do FC Porto na fase de grupos, é sobre o Al Ahly que podem recair mais dúvidas. Recém-sagrado tricampeão do Egito, é o único dos adversários dos dragões que também está na reta final da temporada e está habituado a participar no Mundial de Clubes, embora no antigo formato.

Recordista de títulos na Champions africana, o Al Ahly foi eliminado esta época nas meias-finais, o que ditou a saída do treinador suíço Marcel Koller. Para o seu lugar, entrou o espanhol José Riveiro, de 49 anos, ex-Orlando Pirates, da África do Sul. A troca de treinador aumenta as dúvidas em torno da forma como a equipa se vai apresentar.

Em 2024/25, o Al Ahly disputou 45 jogos e obteve um registo de 26 vitórias, 13 empates e seis derrotas. A equipa egípcia tem uma média de 1.84 golos marcados por jogo e 0.76 sofridos.

Como joga o Al Ahly?

Habitualmente montado num 4-2-3-1, o Al Ahly gosta de procurar o jogo direto para os homens da frente. O avançado Wessam Abou Ali é a principal referência ofensiva da equipa, que investe muito no jogo vertical.

O médio Marwan Attia é o responsável por organizar o jogo a partir de trás e aposta nos lançamentos longos, quer para a frente, quer para variar o flanco. Importa ainda salientar a penetração dos extremos na área adversária, o que faz com que os egípcios coloquem muita gente no último terço.

Defensivamente, porém, o Al Ahly é frágil. As marcações individuais causam desposicionamento de alguns jogadores e, por vezes, gera-se o caos total. A falta de rigidez defensiva provoca espaços na zona entre linhas, algo que o FC Porto gosta de explorar, nomeadamente com jogadores como Fábio Vieira, Rodrigo Mora ou Pepê.

Wessam Abou Ali (MOHAMED TAGELDIN/Middle East Images/AFP via Getty Images)

Os jogadores a ter em conta

Há dois jogadores que se evidenciam dos restantes no plantel do Al Ahly. O irreverente médio-ofensivo Emam Ashour tem 19 golos em 40 jogos esta época e destaca-se precisamente pela chegada à área, aproveitando os cruzamentos atrasados a partir dos corredores. Já Wessam Abou Ali, é o jogador-alvo e homem-golo: marcou em 16 ocasiões, num total de 32 jogos.

Importa ainda lembrar que o Al Ahly garantiu as contratações dos extremos Trezeguet e Ahmed Sayed Zizo, reforços de luxo para atacar o Mundial de Clubes.

Onze prováve ldo Al Ahly 

El Shenawy; Mohamed Hany, Yasser Ibrahim, Achraf Dari e Koka; Marwan Attia, Amr El Soleya e Emam Ashour; Achraf Bencharki, Trezeguet e Wessam Abou Ali.

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