* No Bank of America Stadium, em Charlotte
Na teoria, o cenário na luta por um lugar nos oitavos de final era amplamente favorável ao Benfica, com a diferença de sete golos relativamente ao Boca Juniors.
Na prática, havia uma coisa que a equipa de Bruno Lage não podia controlar: o que os argentinos fizessem no jogo com o frágil Auckland City (0-16 nos dois primeiros jogos do Mundial). E outra que podiam tentar controlar, mas que o histórico de confrontos mostrava que quase nunca o haviam conseguido fazer: 13 jogos, dez derrotas, três empates, 36 golos sofridos e nove marcados diante do colosso da Baviera.
O último jogo, há sete meses em Munique, mostrara um mundo aparentemente insuperável para as águias, inofensivas no ataque e empurradas até ao limite da grande-área nessa noite de 6 de novembro em que não estiveram à altura da história do clube.
Mas nesta tarde em Charlotte, com temperaturas a roçar os 40º e nem um quilómetro de vento a soprar (como se isso servisse de muito), não se viu qualquer réstia de trauma na equipa de Bruno Lage.
Com três alterações no onze em comparação com o último jogo, o Benfica assentou a estratégia na solidez defensiva que talvez até tivesse sido a única boa notícia daquele 6 de novembro. Mas, agora, foi mais do que meia-equipa. Soube, desta vez, encontrar os espaços certos por onde sair para ferir o adversário.
Di María (excelente início de jogo) testou a atenção de Neuer pouco antes de Schjelderup, aos 13 minutos, ter inaugurado o marcador no Bank of America Stadium.
O Bayern reclamava a posse de bola, mas o controlo era do Benfica, que viu Pavlidis não conseguir finalizar só com Neuer pela frente após boa combinação com Di María.
Só no final da primeira parte é que a equipa de Kompany conseguiu encontrar formas de furar a linha defensiva das águias, mas nem Sané, nem Müller conseguiram ser eficazes.
Com sete mexidas no onze para este jogo, os bávaros aproximaram-se da melhor versão deles mesmos com as entradas de Kimmich, Olise e Kane. O crescimento foi imediato, com um lançamento de Kimmich para as costas da defesa do Benfica.
Nessa jogada, como noutras, sobressaiu Trubin, que até vinha de 45 minutos estranhamente tranquilos. A segunda parte, no entanto, foi drasticamente diferente. De sentido único, com os homens de Lage a esboçarem uma ou outra transição (como a do recém-entrado Aktürkoglu, que quase marcou).
Entre oportunidades desperdiçadas, o Bayern também acumulava foras de jogo. E, aí, há que destacar a liderança de Otamendi na linha de, hoje com Dahl no lugar habitualmente ocupado por Álvaro Carreras, mas também a ajuda de Harry Kane, que «anulou» o 1-1 de Kimmich.
A segunda parte foi, no fundo, uma prova de sobrevivência só superável por grupos coesos. E isso, apesar do tanto pelo qual tem passado, a equipa de Bruno Lage parece sê-lo.
Ao 14.º jogo com o Bayern Munique, fez-se história: o Benfica venceu o gigante alemão pela primeira vez, terminou o Grupo C no primeiro lugar e saiu, finalmente, de um jogo a rir e a cantar. Num jogo em que não pisou o adversário e, ainda que com momentos de sofrimento, não foi pisado como há sete meses.
Sábado que vem, o encontro está marcado novamente para Charlotte. Só falta saber com quem.