A Deolinda pôs Lisboa a dançar (vídeo) - TVI

A Deolinda pôs Lisboa a dançar (vídeo)

Banda brilhou no primeiro concerto no Coliseu dos Recreios. Este sábado há mais «Fon Fon Fon»

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Em noite fria na rua, o Coliseu dos Recreios aqueceu com o alegre «fonfonar» de uma Deolinda que, com apenas seis anos de vida, já celebra o sucesso de uma curta mas bem destinada carreira com concertos em duas das mais míticas salas nacionais.

Uma semana após a consagração no Coliseu do Porto, a banda de Ana Bacalhau, Pedro da Silva Martins, Zé Pedro Leitão e Luís José Martins, chegou a Lisboa com um espectáculo digno de gravação para futura edição em DVD, «em 2D e em 3D». «Sorriam para as câmaras se as virem passar», pediu a vocalista, a primeira a dar o exemplo de sorriso rasgado ao vislumbrar uma sala cheia.

A plateia, com gente de todas as idades (avós e netos incluídos), cedo mostrou vontade de também participar na festa, quer em assobios que não sairiam melhor se fossem coreografados (em «Contando Ninguém Acredita»), quer sussurrando em uníssono letras completas de canções, primeiro em «Passou Por Mim e Sorriu» e mais tarde em «Clandestino».

Muitos foram os que dançaram nas cadeiras ao som de «Um Contra o Outro», single de apresentação de «Um Selo e Dois Carimbos», e um dos temas mais celebrados da noite. «Mal Por Mal» continuou a toada alegre e enérgica que contagiou toda a sala e apresentou convidados musicais, nas cordas e na percussão, que enriqueceram alguns dos melhores momentos da actuação.

A voz firme e a presença carismática em palco de Ana Bacalhau só já apanham de surpresa quem ainda não viu os Deolinda ao vivo, mas são estas mesmas qualidades que continuam a conquistar até os fãs mais atentos, concerto após concerto.

De vestido branco com um original xaile feito de recortes de jornais, a vocalista foi a mais aplaudida, mas não recolheu os louros sozinha. Afinal, por detrás de uma grande mulher, há sempre... três homens que fazem de duas guitarras e um contrabaixo uma verdadeira máquina capaz de deitar abaixo as barreiras entre o fado e a canção popular.

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«Fado Toninho», o primeiro passo de uma caminhada que tem sido sempre a subir, foi recebido, sem surpresas, por milhares de gargantas prontas a cantar o tema do primeiro ao último verso. Porém, a última palavra pertenceu mesmo a Ana Bacalhau: «Se não me seguram, dou cabo de vocês todos e mais algum», lançou, tomada pela personagem de sangue quente da canção.

A melancólica «Há Dias Que Não São Dias» e a «tristonha» «Clandestino» deixaram «descansar» por momentos uma plateia que depressa acordou com «Quando Janto em Restaurantes». Mas a festa tornar-se-ia ainda mais rija com «Fon Fon Fon», sem banda filarmónica, mas com o clarinete de Miguel Veríssimo e a percussão de Sérgio Nascimento.

«Corações ao alto que o maior mastro é português» anunciou a mais do que pedida «A Problemática Colocação de Um Mastro» e a primeira saída de palco da banda teve direito a ovação em pé, de um lado, e vénia de grupo, do outro.

Nos encores, Ana Bacalhau encarnou a brasileira «Garçonete da Casa de Fado» com muitos «Oi galera!» e um cheirinho de samba, e «Fungágá da Bicharada» denunciou «todos os trintões que ouvem a canção desde pequeninos».

«Que Parva Que Sou», foi recebido com entusiasmo, muito por culpa de versos como «Que mundo tão parvo em que para ser escravo é preciso estudar». O novíssimo tema dos Deolinda arrisca-se a tornar-se em hino de revolta de uma geração em que cada vez mais licenciados continuam sem conseguir os empregos para os quais tanto estudaram.

Já com toda a gente de pé, «Movimento Perpétuo Associativo» fechou o espectáculo com chave de ouro. «Vão sem mim que eu vou lá ter», cantaram os Deolinda enquanto deixavam o palco e percorriam a plateia até à saída da sala, aplaudidos como heróis.
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