Habituámo-nos a ouvi-lo como uma das vozes do fado, onde começou desde muito cedo. Mas, ao sexto disco de originais, Ricardo Ribeiro ousou fazer diferente.
“Respeitosa Mente” desliga-se do registo habitual para ligar-se à poesia e à música do mundo. Em conjunto com o pianista português João Paulo Esteves da Silva e o percussionista norte-americano Jarrod Cagwin, deu vida, há praticamente um ano, ao álbum que mantém alma e saudade dentro.
A música é uma boa opção para ajudar a passar o tempo, nos dias que parecem mais longos. Mas não é a única forma de aproveitar as horas, quando permanecemos com a necessidade de viver no espaço entre paredes. Por isso, lançamos a Ricardo Ribeiro o desafio de escolher outra das suas paixões, a leitura.
O fadista reconhece estar particularmente ligado à poesia e à filosofia.
Começa por sugerir um dos nomes cimeiros da literatura portuguesa contemporânea: António Ramos Rosa com o livro “Nos Seus Olhos de Silêncio”.
Para esta altura sugere também um dos seus poetas favoritos Teixeira de Pascoaes, nomeadamente o livro “Para a Luz - Vida Etérea – Elegias – O Doido e a Morte”. O músico diz que “a poesia de Teixeira ao mesmo tempo que parece triste, não é. É muito profunda e universalista".
E o Teixeira de Pascoaes tem a capacidade de nos resgatar da ansiedade e também, de alguma forma, do medo. Neste tempo que estamos confinados às paredes é importante que haja alguma coisa que nos resgate da ansiedade, do medo e da frustração", diz Ricardo Ribeiro.
Sugere também uma obra mais bem disposta de Miguel Martins, “Tratado do Bom Uso do Vinho”. Um livro que descreve como sendo “muito engraçado”.
Depois de acrescentar a boa disposição segue as sugestões literárias para o campo da filosofia, e avança com “A República” de Platão. O fadista sublinha que esta obra “ensina tudo o que se quiser” e usa o sentido de humor para acrescentar “só não diz aqui como se fazem bolos, porque de resto, Platão é extraordinário e ajuda em tudo”.
Apaixonado por leitura, segue as sugestões de leitura com “Memórias de um Letrado”, do filósofo português Álvaro Ribeiro.
O músico segue as sugestões filosóficas com Confúcio e sugere “Os Analectos de Confúcio”. O pensador chinês viveu entre 551 e 479 a.C., e exerceu profunda influência no que diz respeito à educação e à moral, tendo como centro, o homem. Ricardo Ribeiro sublinha que neste livro “aprendemos a lidar com o outro, estando perto durante muito tempo, com a história do ego”.
Por último sugere aquele que diz ser um dos livros mais importantes da sua vida “O Riso de Deus” de António Alçada Baptista” e sublinha uma frase que o toca particularmente nesta obra “poder é a capacidade que os homens têm para criar a outros um destino. Essa é a essência da sua perversão”.