Axl regressa, sem Guns N` Roses - TVI

Axl regressa, sem Guns N` Roses

Guns N Roses no Rock in Rio Lisboa (foto de Patrick Medina)

Depois de 17 anos de espera, o novo álbum está longe do furor que a banda de L.A. provocou nos anos 90

Relacionados
«Use Your Illusion» terá sido o mote utilizado por Axl Rose durante a última década para produzir «Chinese Democracy». O tão desejado álbum de uma das mais míticas bandas do final dos anos 80 e 90 chega esta segunda-feira às lojas, depois de um primeiro aparente sucesso na Internet, sem o som, a agressividade e a intervenção de outros tempos. Mas nem tudo é mau.

Às novas 14 músicas de Axl Rose faltam, sem dúvida, a composição e o ritmo impostos pela Gibson de Slash, os «backing vocals» de Duff e, inevitavelmente, as composições de Strandlin, que abandonou o grupo antes do mega sucesso que tornou os GN'R como a «banda mais perigosa do mundo», mas que contribuiu em grande escala para o boom que, por exemplo, foi «Don't Cry».

Os abandonos ou a inconsistência são quase imagens de marca dos originais cinco de «Appetite for Destruction». Em «Chinese Democracy», depois de toda a banda ter desertado, Axl tenta recuperar o carácter interventivo com o primeiro single, com o mesmo título do álbum, e aparentemente consegue. O tema faz de facto lembrar algumas guitarradas típicas e a letra está na linha de «Civil War» ou mesmo, noutro estilo, de «Get in the Ring», usando «a linguagem de conteúdo explícito» para chamar a atenção das obscenidades do mundo actual.

O melhor e o pior

«Shackler's Revenge» é mais um tema de amor/ódio escrito por Axl que, num tom mais electrónico e ainda distante do hard rock, acaba por entrar no ouvido. «Better» é um dos temas mais conseguidos do álbum, uma vez que consegue aliar uma sonoridade mais leve a momentos mais agressivos, um pouco ao jeito de alguns temas dos «Use Your Illusion».

«Street of Dreams» é o primeiro tema calmo do álbum, ainda que dê para agitar um pouco, e onde Axl regressa ao seu piano, apoiado por Reed, o único que da formação de 92 se manteve fiel ao líder e «não abandonou o barco». Regressam também os famosos agudos de Rose, que por momentos nos fazem acreditar que estamos a ouvir Guns N' Roses.

Segue-se o pior de sempre de Axl. Se até aqui havia esperança, ela desvanece-se com «If The World» que juntamente com «Sorry» são muito provavelmente os piores temas do álbum. Sem chama, sem ritmo, não é mais do que um repetir dos lamentos de Axl, ampliados pelos seus agudos, que simplesmente cansam ouvir.

«Civil War» e «November Rain»

«Catcher in the Rye» traz de novo alguma luz, mas estará ao nível de um «14 Years» ou um «Dust N' Bones». Os últimos quatro temas estão também aquém do que seria esperado. «I.R.S» está ligeiramente melhor, oscilando entre a balada e o interventivo. Já «Madagascar» pretende, claramente, ser a nova «Civil War», chegando mesmo a recuperar algumas frases/sons do clássico, introduzidas no seio do «discurso», mas... não chega lá. Se «Madagascar» seria «Civil War», «This I Love» seria, claramente «November Rain». Ao piano, Rose toca a sua nova balada, mas apesar da letra claramente «roseana» falta a magia doutros tempos.

Os 17 anos que «Chinese Democracy» já tem à nascença não acontecem por um qualquer caso. Qualquer fã sabe que a possibilidade de sucessos como «Patience», «Sweet Child O'Mine», «Paradise City» ou «You Could Be Mine» morreu no dia em que os quatro de L.A. seguiram rumos separados. Mas nem tudo é mau... ficam os clássicos e um Axl, apesar de tudo, persistente, que talvez, bem acompanhado, ainda possa ter algo de genial para dar.
Continue a ler esta notícia

Relacionados