Tudo começou há dois anos durante a digressão de Sam The Kid. Nos ensaios, o rapper e a sua banda decidiram começar a explorar novas ideias para um projecto instrumental. Nasciam assim os Orelha Negra.
«Resolvi marcar um concerto com três ou quatro meses de antecedência, o que nos obrigou a trabalhar e a pegar naquelas 80 ideias e mandar muita coisa para a gaveta», explicou o baterista Fred Ferreira ao IOL Música.
«Depois do concerto, vimos que tínhamos um disquinho fixe e começamos a trabalhar mais para isso, para o disco. Passados dois dias, fomos logo para estúdio e gravámos o nosso primeiro single, o "Lord"», recordou.
Entre o passado e o presente
Do jazz ao hip-hop, passando pelo funk, a música dos Orelha Negra vai beber às mais variadas fontes. Sonoridades do passado que surgem com um rosto novo e actual.
«O disco é uma mistura do acústico e das máquinas. Vai buscar coisas antigas [através] dos samplers e aquele toque dos anos 70 e 80. Depois é misturar tudo e trazer o actual», contou o DJ Cruzfader.
Para Sam The Kid, o responsável pelos samples, a felicidade do trocadilho entre «Orelha Negra» e «música negra» não implica, porém, nenhum limite às sonoridades que estão na base da música do grupo. No entanto, e como explicou, «quase toda a música acaba por ser negra».
Pacman é convidado especial
Num trabalho quase integralmente instrumental, e por entre samples de vozes de outras décadas, o álbum de estreia dos Orelha Negra conta também com a participação de Pacman, dos Da Weasel, no tema «Tanto Tempo».
«Eu sugeri-lhes que era giro ter uma voz nesta música. Imaginava aqui o Carlão... É uma pessoa que todos gostamos, é nosso amigo e, de alguma forma, também nos influenciou», disse Fred.
«Foi tão rápida a decisão como foi a do nome, como foram todas as decisões difíceis do disco. Foram dois segundos.»
«Cara de disco» ou o SleeveFace
Mesmo com a entrada directa para o Top 10 dos álbuns mais vendidos em Portugal, os Orelha Negra querem manter os pés bem assentes no chão. Afinal, e apesar de originários de projectos bem conhecidos do público (Cool Hipnoise, Yellow W Van, Oioai, Sam The Kid), eles preferem esconder a cara por detrás de capas de discos, inspirados pela iniciativa SleeveFace ( link).
«Neste disco quisemos sobretudo que as pessoas se concentrassem na música e não queríamos pôr a nossa imagem enquanto músicos de outras bandas à frente disso», explicou o baixista Francisco Rebelo.
«Portanto, aparecermos com as capas foi uma forma, por um lado, de não pormos essa evidência à frente, e, por outro lado, de mostrarmos um bocado o que é o nosso universo musical e sobretudo uma grande paixão que temos pelos disco, o nosso lado melómano.»
Vê aqui o vídeo da entrevista com os Orelha Negra:
Entrevista: Orelha Negra entre o passado e o presente (vídeo)
- João Silva
- 7 mai 2010, 18:59
Novo projecto nasceu durante os ensaios da banda de Sam The Kid e lança agora disco de estreia
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