Dar um passeio num parque ou ao longo de um lago ou apenas num espaço arborizado pode reduzir a necessidade de medicamentos para ansiedade, asma, depressão, tensão arterial elevada ou insónia, defende um novo estudo.
"Pensa-se que a atividade física seja o principal fator mediador dos benefícios para a saúde dos espaços verdes quando se considera a disponibilidade ou utilização ativa desses espaços", disse a coautora do estudo, Anu Turunen, investigadora sénior do Instituto Finlandês de Saúde e Bem-Estar em Helsínquia.
O estudo concluiu que desfrutar da natureza três a quatro vezes por semana estava associado a 36% de probabilidades mais baixas de usar comprimidos para a tensão arterial, 33% de probabilidades mais baixas de usar medicamentos para a saúde mental, e 26% de probabilidades mais baixas de usar medicamentos para a asma.
"A análise pode revelar associações importantes, mas não podemos dizer com certeza se foi a proximidade ou utilização dos espaços verdes que levou à redução do uso de medicamentos", disse Lincoln Larson, professor associado na Faculdade de Recursos Naturais da Universidade Estadual da Carolina do Norte, que não esteve envolvido no estudo.
"Talvez as pessoas que eram mais saudáveis (e menos propensas a tomar medicamentos prescritos) tivessem mais prossibilidades de sair de casa", disse Larson.
Espaço verde e azul
O estudo, publicado na revista Occupational & Environmental Medicine, entrevistou aproximadamente 6.000 pessoas em três das maiores cidades da Finlândia sobre a utilização de espaços verdes e azuis até um quilómetro de distância das suas casas.
Os espaços verdes incluíam florestas, jardins, parques, cemitérios, charnecas, campos naturais, zonas húmidas e jardins zoológicos. Os espaços azuis incluíam lagos, rios e mar.
Estudos anteriores descobriram que as pessoas que vivem perto de espaços verdes colhem benefícios significativos para a saúde. Um estudo de 2016 comparou a quantidade de plantas e vegetação perto das casas de quase 100.000 mulheres. Após oito anos, os investigadores descobriram que o acesso aos espaços verdes reduziu a taxa de mortalidade das mulheres em 12% - e melhorou a sua saúde mental.
Um estudo de 2019 sobre espaços verdes em todo o mundo descobriu que as pessoas que vivem perto deles têm menos probabilidades de morrer prematuramente. Até os médicos começam a prescrever a natureza como um tratamento para a saúde mental.
Casas com vista
O novo estudo também investigou o impacto de poder ver espaços verdes ou azuis de casa sobre o uso de medicamentos. Mas observar a natureza dentro de casa não pareceu ter grande impacto.
"Só de ver a natureza não moveu realmente a agulha, mas vivê-la sim. Outras investigações apontam para conclusões semelhantes", disse Larson, que estudou os benefícios dos parques públicos nos Estados Unidos sobre o bem-estar dos moradores urbanos.
"Se se quiser colher todos os benefícios para a saúde que a natureza pode oferecer, é preciso mergulhar nesses ambientes", sublinhou.
Embora a investigação ainda não tenha sido capaz de mostrar uma verdadeira associação, Larson acredita nos benefícios de ver e experimentar a natureza.
"Se não tiver acesso a esses lugares, simplesmente ver o espaço verde (ou talvez até experimentar a natureza virtual) é melhor do que nada", acrescentou.
Pode até colocar uma planta na sua mesa. Um outro estudo de 2019 descobriu que cuidar de plantas no local de trabalho reduzia ligeiramente o stress dos trabalhadores japoneses - a menos que a planta morresse. Numa medição objetiva, 27% dos trabalhadores mostraram uma diminuição significativa do seu ritmo cardíaco em repouso, de acordo com o estudo.
*Scottie Andrews, Madeline Holcombe e Kristen Rogers contribuíram para este artigo