Filha de Navalny pede a Putin para pôr fim à guerra e libertar o seu pai: "Não vamos parar de lutar" - TVI

Filha de Navalny pede a Putin para pôr fim à guerra e libertar o seu pai: "Não vamos parar de lutar"

  • CNN
  • Sophie Tanno e Caitlin Hu
  • 4 mar 2023, 12:56
Dasha Navalnaya na CNN

Nota do editor | O filme da CNN "Navalny" estreou em abril de 2022 e ganhou o Prémio BAFTA para Melhor Documentário. Pode ser visto na HBO Max, que pertence ao mesmo dono da CNN

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Dasha Navalnaya, filha do dissidente russo Alexey Navalny, pediu ao presidente russo Vladimir Putin para pôr fim à guerra na Ucrânia e libertar o seu pai e os presos políticos do país, numa extensa entrevista à CNN, na sexta-feira.

"Não vamos parar de lutar" até que ambos os objetivos sejam alcançados, disse Navalnaya.

O seu pai Navalny - um crítico assumido do Kremlin e da sua guerra na Ucrânia - está atualmente a cumprir uma pena de nove anos numa prisão de segurança máxima a leste de Moscovo, depois de ter sido condenado por fraude em grande escala por um tribunal russo no ano passado.

Foi envenenado com o agente nervoso Novichok em 2020, um ataque que vários oficiais ocidentais e o próprio Navalny atribuíram abertamente ao Kremlin. A Rússia negou qualquer envolvimento.

Após vários meses na Alemanha a recuperar do envenenamento, Navalny regressou a Moscovo, onde foi imediatamente detido por violar os termos de liberdade condicional impostos num caso de peculato de 2014 que, segundo ele, tinha motivações políticas.

Foi inicialmente condenado a dois anos e meio e, mais tarde, a nove anos de prisão depois de acusado de ter roubado a sua fundação anticorrupção.

Navalny, que já concorreu a um cargo político na Rússia, há muito tempo que é uma pedra no sapato do Kremlin.

Dasha disse que o "principal objetivo" do trabalho do seu pai e da fundação anticorrupção "é que a Rússia se torne um Estado livre, que tenha eleições abertas, que tenha liberdade de imprensa, liberdade de expressão e que tenha a oportunidade de se tornar uma parte da comunidade democratizada ocidental normal".

Ela descreveu também a experiência de crescer numa família vigiada de perto pelo Kremlin, dizendo que ela e o seu irmão costumavam fazer um jogo para tentarem escapar aos espiões nos transportes públicos.

"Olhávamos à nossa volta e depois começávamos a conversar com o tipo que tinha a pior roupa de camuflagem e o boné preto e o estranho saco de alças, e saltávamos - não para fora do comboio, mas para fora da carruagem", contou.

Mas Navalnaya também expressou preocupação crescente com as condições atuais do seu pai na prisão, dizendo que a sua família teve acesso limitado a Navalny e que os seus advogados só podem vê-lo "através de uma cortina".

"Portanto, não podemos realmente saber ao certo a sua condição de saúde e ele não vê a sua família há mais de meio ano", denunciou. "Não o vejo pessoalmente há mais de um ano e é bastante preocupante, considerando que a sua saúde está a piorar cada vez mais."

Dasha Navalnaya em entrevista a Erin Burnett na CNN

As preocupações com a saúde de Navalny persistem há meses. As imagens da sua sentença no ano passado mostraram Navalny com uma figura magra ao lado dos seus advogados, numa sala cheia de agentes de segurança.

O próprio Navalny tweetou sobre condições difíceis de confinamento, dizendo em novembro que tinha sido isolado dos outros prisioneiros no que descreveu como uma medida destinada a silenciá-lo. Os reclusos das prisões russas são normalmente alojados em camaratas em vez de celas, de acordo com um relatório do think tank sediado na Polónia Center for Eastern Studies.

A "verdadeira bestialidade indescritível" do seu encarceramento, contudo, foram as limitações das visitas da família, disse ele na altura.

O envenenamento de Navalny e subsequentes problemas legais atraíram o interesse público russo e do estrangeiro. A Rússia foi palco de protestos antigovernamentais em larga escala em cidades e vilas por todo o país após a sua detenção, com as autoridades a deter cerca de 11.000 manifestantes no espaço de poucas semanas.

Em junho do ano passado, Navalny foi transferido de uma colónia penal em Pokrov para uma prisão de segurança máxima em Melekhovo, na região russa de Vladimir.

Ao longo da sua prisão, Navalny denunciou, no entanto, veementemente a invasão russa da Ucrânia através dos meios de comunicação social, defendendo protestos antiguerra em todo o país como "a espinha dorsal do movimento contra a guerra e a morte".

Num tweet sobre as suas condições prisionais no ano passado, prometeu continuar a falar.

"Então, qual é o meu primeiro dever? É isso mesmo, não ter medo e não me calar", escreveu, instando os outros a fazerem o mesmo. "Em todas as oportunidades, faça campanha contra a guerra, Putin e a Rússia Unida. Abraço a todos."

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