Doença do pinheiro: produtores em dificuldades (fotos) - TVI

Doença do pinheiro: produtores em dificuldades (fotos)

Doença do pinheiro

Transporte descontrolado pode espalhar ainda mais o nemátodo

A doença do pinheiro no distrito de Coimbra está provocar a desvalorização em cerca de 50 por cento no preço da madeira infectada e existem serrações que podem encerrar por falta de escoamento, garantem responsáveis do sector.

Dirigentes da Associação Florestal Caule, da Beira Serra, e da Federação Nacional das Associações de Proprietários Florestais (FNAP) alertam para os problemas que vários concelhos do interior estão a sofrer com o problema e acusam o Ministério da Agricultura de falta de intervenção.

980 mil árvores abatidas devido ao nemátodo

«Para termos uma ideia, um pinheiro seco, infectado pelo nemátodo, vale menos 50 por cento do que um verde», explicou Vasco Campos, responsável da Caule, acrescentando que o «excesso de oferta está também a fazer cair os preços».

No local, a Lusa verificou uma quantidade interminável de pinheiros secos que, de acordo com o director executivo da FNAP, Luís Alcobia, já «só servem para transformação em pasta ou resíduos de biomassa».

«A maioria da madeira de pinho era exportada para Espanha, mas desde há cerca de três meses isso não acontece por decisão do Ministério da Agricultura, levando a que as serrações estejam cheias de madeira excedentária que não conseguem escoar», frisa Luís Alcobia.

Vasco Campos garante que o nemátodo já contaminou uma mancha florestal superior a 100 mil hectares, continuando a alastrar de forma alarmante sem que haja um plano para travar a situação, prevendo que, com o avançar do tempo, os preços da madeira de pinho «ainda baixem mais».

Alerta: doença já pode ir no Minho

Além do impacto na economia local, que se está já a sentir junto dos produtores, temem-se graves efeitos na paisagem, no ambiente e no turismo da Beira Serra.

Alarmados com a situação, Vasco Campos e Luís Alcobia defendem que o Ministério da Agricultura deve atribuir apoios a 100 por cento para o abate das árvores infectadas e reflorestação das respectivas áreas com outras espécies.

A falta de controlo no transporte da madeira de pinho poderá originar novos focos de nemátodo, alerta o director executivo da FNAP. «O transporte não tem controlo, salvo inspecções pontuais, e a madeira infectada pode circular do Algarve ao Minho sem controlo sanitário», sustenta o responsável, que defende «um controlo sanitário mais apertado».

Fernando Alves, da Associação Portuguesa de Agricultura Florestal, Floresta e Desenvolvimento Rural, de Viana do Castelo, suspeita mesmo que o nemátodo já tenha chegado ao Minho, situação que poderá ser confirmada esta semana depois de realizadas análises a algumas amostras.
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