Sousa Tavares lembra André Ventura que "houve 1.200 mortos guineenses, a esmagadora maioria de religião muçulmana, que combateram ao lado do Exército Português" - TVI

Sousa Tavares lembra André Ventura que "houve 1.200 mortos guineenses, a esmagadora maioria de religião muçulmana, que combateram ao lado do Exército Português"

    Miguel Sousa Tavares
    Comentador
  • CNN Portugal
  • 12 jun, 22:10

Miguel Sousa Tavares criticou a retórica do líder do Chega e defende que os grupos neonazis têm de começar a serem tratados como terroristas

Miguel Sousa Tavares defendeu esta quinta-feira, em a 5ª Coluna, que os grupos neonazis como o que atacou o ator Adérito Lopes esta semana em Lisboa têm de passar a serem tratados como terroristas.

“Se voa como um pato, nada como um pato e grasna como um pato, é capaz de ser um pato. Se é uma organização clandestina, ilegal, que quer derrubar o Estado democrático, que quer derrubar o Estado de direito e que atua com violência, é uma organização terrorista. Esta organização é considerada terrorista em Espanha”, disse o comentador da TVI. “Temos de começar a julgá-los pelo contexto, não pelo ato isolado. Não é preciso matarem outra vez o Alcindo Monteiro para, então, serem condenados a penas verdadeiras. É por atentarem contra a democracia, é terrorismo.”

Sousa Tavares criticou ainda a preponderância das redes sociais, que considera serem “um cancro” para toda a sociedade.

“Para eles (grupos neonazis) é muito mais fácil serem ignorantes do que cultivarem-se, é muito mais fácil acreditar em mentiras e boatos do que informarem-se. (…) É fruto de uma grande ignorância e estas pessoas acham que têm poder. É outro fenómeno que decorre do crescimento do Chega: as pessoas perderam a vergonha”.

O comentador da TVI teceu críticas ao líder do partido de extrema-direita e ao seu discurso racista, dando o exemplo das recentes afirmações de André Ventura, que condenou o Presidente da República por este ter repudiado o ataque a Adérito Lopes, mas nada ter dito sobre o homicídio ocorrido em Amareleja entre membros da comunidade cigana.

“Isto é o tipo de coisa que os seus seguidores nas redes sociais adoram ouvir, mas isto é batota, porque o André Ventura, que estudou Direito Constitucional e foi professor, sabe muito bem distinguir um crime passional comum de um crime de ódio político”.

“Acho que o André Ventura já estava com cara de aborrecido nas cerimónias do 10 de Junho, em Lagos, por ouvir falar na escravatura (…) Uma das coisas das quais eu tenho orgulho é aquilo que Fernando Pessoa disse: a nossa pátria é a língua portuguesa. Não nos podemos gabar de ter levado esta língua a todos os continentes e depois ficarmos a querer o tal português puro”, continuou Sousa Tavares. “Ele (André Ventura) esquece-se que houve 1200 mortos guineenses, a esmagadora maioria de religião muçulmana, que combateram ao lado do Exército Português. Os muçulmanos combatem ao lado do Exército Português desde o séc. XII. Combateram em Alcácer-Quibir, por exemplo. D. Sebastião morreu com um exército de muçulmanos ao lado do Exército Português. As pessoas não estudam nada, não sabem nada de História”.

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