O marido era piloto e morreu num desastre aéreo. Com o dinheiro do seguro, ela também se tornou piloto. E morreu agora no acidente do Nepal - TVI

O marido era piloto e morreu num desastre aéreo. Com o dinheiro do seguro, ela também se tornou piloto. E morreu agora no acidente do Nepal

Avião despenha-se no Nepal (imagem Getty)

Anju Khatiwada estava na aeronave acompanhada por um piloto-instrutor. O corpo desta mulher ainda não foi identificado

Chamava-se Anju Khatiwada e estava na Yeti Airlines desde 2010. Era a copiloto do avião que se despenhou no Nepal, no domingo. Chamou à atenção da imprensa internacional, porque há 16 anos, o marido, Dipak Pokhrel, também morreu num desastre aéreo, quando pilotava um avião da mesma companhia aérea e tentava também uma aproximação à pista de aterragem. A única diferença é que o acidente ocorreu no Aeroporto de Jumla e não no de Pokhara, ambos no Nepal.

Anju Khatiwada tentou seguir as pisadas do companheiro. Com o dinheiro do seguro pela morte de Dipak, Anju Khatiwada ingressou no curso de piloto e, em 2010, concretizou o objetivo: foi contratada pela Yeti Airlines.

“O seu marido, Dipak Pokhrel, morreu em 2006 num acidente com um avião bimotor da Yeti Airlines, em Jumla”, disse à Reuters o porta-voz da transportadora aérea Sudarshan Bartaula. Sobre Khatiwada, lembrou que “tinha tirado o curso de piloto com o dinheiro que recebeu do seguro depois da morte do marido”.

De acordo com a agência Reuters, Khatiwada tinha mais de 6.400 horas de voo, sendo que, anteriormente, estava encarregue de fazer uma popular rota turística nepalesa entre a capital, Kathmandu, e a segunda maior cidade do país, Pokhara.

Sudarshan Bartaula revelou ainda que o corpo de Anju Khatiwada ainda não foi identificado, mas que não deverá ter sobrevivido. Tal como aconteceu com Kamal KC, piloto da aeronave, que tinha mais de 21.900 horas de voo e cujo corpo já foi recuperado e identificado.

“No domingo, Khatiwada estava a pilotar a aeronave com um piloto-instrutor, algo que é um procedimento comum na companhia aérea”, disse um oficial da Yeti Airlines, que conhecia a copiloto pessoalmente.

O responsável da transportadora recordou Anju Khatiwada como alguém que “estava sempre pronta para qualquer tarefa e que já tinha voado para Pokhara anteriormente nesse dia”. O oficial pediu para não ser identificado por não estar autorizado a falar com a imprensa.

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No domingo, o voo em que seguia Anju Khatiwada despenhou-se quando tentava a aproximação à pista do Aeroporto de Pokhara. O avião bimotor, modelo ATR 72, pertencente à Yeti Airlines, transportava 68 passageiros e quatro membros da tripulação. 

Até ao momento foram recuperados 70 dos 72 corpos, disse fonte da polícia à agência de notícias France-Presse (AFP).

Ainda se desconhecem as causas do acidente, o mais mortal do país em três décadas. O tempo estava ameno e sem vento no dia da queda da aeronave, segundo as autoridades locais.

O desastre aéreo mais mortal da história do Nepal ocorreu em setembro de 1992. Todos os 167 ocupantes de um Airbus A300 da Pakistan International Airlines morreram quando o avião se despenhou na aproximação a Katmandu.

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