Afinal quem explodiu o Nord Stream? Estas são as teorias - TVI

Afinal quem explodiu o Nord Stream? Estas são as teorias

Mancha provocada pela fuga de gás no Nord Stream (Forças Armadas da Dinamarca)

São pelo menos quatro as hipóteses avançadas, algumas delas mais credíveis que outras

Relacionados

Russos, ucranianos, norte-americanos ou um grupo num misterioso barco. As dúvidas sobre quem provocou a explosão no gasoduto Nord Stream, há seis meses, continuam a ser as mesmas, mas à medida que o tempo passa surgem cada vez mais teorias.

A chantagem de Putin

Uma das grandes dificuldades do Ocidente em aplicar sanções à Rússia prendeu-se, desde logo, com a elevada dependência da União Europeia dos combustíveis fósseis que vinham de Moscovo.

Sabendo isso, o presidente russo, Vladimir Putin, tentou utilizar a energia como uma alavanca para conseguir os seus objetivos, ameaçando de forma constante com o corte de fornecimentos, fosse de gás natural, fosse de petróleo.

Talvez por isso a teoria de que foi a Rússia a danificar o Nord Stream foi a primeira a ganhar força, nomeadamente pelo lado ucraniano. A 27 de setembro, logo após as explosões no fundo do Mar Báltico, o conselheiro do presidente da Ucrânia sugeria que o caso era “nada mais do que um ataque terrorista planeado pela Rússia e um ato de agressão contra a União Europeia”. Mykhailo Podolyak falava ainda numa intenção russa de causar o “pânico antes do inverno”, altura em que a rede energética europeia dependeria ainda mais das fontes de energia russas.

A sugestão ganhou força com o primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, a sugerir que a Rússia estaria mesmo envolvida na sabotagem. Desde cedo que Moscovo negou a responsabilidade pelo ataque, mas no ar ecoavam palavras de ameaças que chegavam do Kremlin, a partir de onde Vladimir Putin prometia “congelar” a Europa caso as sanções continuassem.

O presidente russo voltou a falar do caso em outubro, afirmando que o mesmo mostrava que qualquer infraestrutura crítica podia ser parte de um ataque, independentemente da parte do mundo onde estivesse localizada.

Acusações à marinha britânica

A Rússia sempre negou qualquer envolvimento na sabotagem do gasoduto. Logo após a explosão o porta-voz do Kremlin afirmou que as acusações vindas do Ocidente eram “muito previsíveis e previsivelmente estúpidas”. Dmitry Peskov acrescentava que não fazia qualquer sentido essa teoria, até porque a Rússia tinha perdido uma das rotas de exportação de gás natural.

Um mês após a sabotagem o ministro da Defesa da Rússia avançou uma nova teoria: a explosão tinha sido causada por representantes da marinha do Reino Unido, que teriam “planeado, apoiado e executado” o ataque. Sergei Shoigu não apresentou quaisquer provas, mas Moscovo também sugeriu que os britânicos estariam envolvidos num ataque realizado com drones contra Sebastopol, na Crimeia.

O Ministério da Defesa do Reino Unido falou em informações “inventadas” com o objetivo de distrair o mundo das derrotas que iam acontecendo no campo de batalha.

Biden deu a ordem

Sem prejuízo das acusações russas, nos Estados Unidos surgia um artigo do jornalista Seymour Hersh que alegava que os Estados Unidos tinham causado a destruição do gasoduto após ordens diretas do presidente Joe Biden.

A informação, que se baseava apenas numa fonte, referia um “conhecimento direto da operação planeada” por parte da Casa Branca, acrescentando que um grupo de mergulhadores tinha estado a treinar no Panamá a detonação de minas debaixo de água.

A justificação de Joe Biden seria acabar, de uma vez por todas, com a exportação de gás natural da Rússia para a Alemanha, na tentativa de que a chantagem de Moscovo deixasse de ser um entrave para que Berlim continuasse a ajudar a Ucrânia.

Seymour Hersh lembrava ainda palavras de Joe Biden em fevereiro de 2022, quando o presidente norte-americano afirmou que “não vai haver mais Nord Stream 2, vamos colocar-lhe um fim”. Sem prejuízo disso, a Casa Branca afirmou que o artigo era “falso e completa ficção”.

Grupo a bordo de um barco

É a mais recente teoria e que tem sido fortemente cavalgada pelos meios de comunicação da Rússia. Notícias da Alemanha e dos Estados Unidos, incluindo o The New York Times, falam na possibilidade de a sabotagem ter sido realizada por um grupo de seis pessoas que seguia num barco que teria partido do porto alemão de Rostock para a ilha dinamarquesa de Christianso.

A justiça alemã confirmou que um navio suspeito, que transportava explosivos, tinha sido alvo de buscas em janeiro, sendo que alguns dos residentes da ilha dinamarquesa referiram à televisão TV2 que a polícia tinha estado na ilha a fazer perguntas.

As notícias sugerem que as informações recolhidas apontam para um grupo pró-ucraniano, ainda que não existam quaisquer provas de que haja um envolvimento do governo de Kiev por detrás do caso.

Mykhailo Podolyak também falou sobre esta possibilidade, desta vez para se dizer entretido com as “teorias da conspiração”.

Continue a ler esta notícia

Relacionados