21,1ºC: temperatura da superfície dos oceanos, recorde de sempre - TVI

21,1ºC: temperatura da superfície dos oceanos, recorde de sempre

  • CNN Portugal
  • HCL
  • 8 abr 2023, 20:05
Oceano

"Obviamente que estamos num clima de rápido aquecimento e vamos ver novos recordes a toda a hora - no oceano mas também em terra"

A superfície oceânica mundial atingiu uma temperatura nunca antes atingida desde o início dos registos por satélite e está a ser responsável por ondas de calor marítimas em todo o mundo, de acordo com dados do governo dos EUA, citados pelo jornal The Guardian. Estes dados indicam que a temperatura média à superfície do oceano tem sido de 21,1°C desde o início de abril, superando o anterior máximo de 21°C, um recorde estabelecido em 2016. 

“A trajetória atual indica que vai superar todos as estimativas e esmagar todos os registos anteriores”, afirma Matthew England, um cientista climático da Universidade da University of New South Wales.

Isto pode indicar um potencial padrão até ao final deste ano que pode aumentar o risco de condições climatéricas extremas e superar ainda mais os recordes de calor global.

Ao serem confrontados com estes dados, cientistas afirmam que este padrão pode vir a surgir após os oceanos terem registado quase três anos de um outro padrão, caracterizado pelo arrefecimento das temperaturas e ventos mais fortes. 

Mais de 90% deste calor adicional, causado pela adição de gases com efeito de estufa à atmosfera pela queima de combustíveis fósseis e pela desflorestação, foi absorvido pelo oceano. Um estudo realizado no ano passado revelou que a quantidade de calor acumulada no oceano estava a acelerar e a penetrar mais profundamente, atuando como combustível para condições meteorológicas extremas.

Matthew England, um dos autores desse estudo, afirmou numa entrevista ao Guardian que "aquilo que estamos a ver agora [com as temperaturas recordes da superfície do mar] é o aparecimento de um sinal de aquecimento que revela mais claramente a pegada da nossa crescente interferência no sistema climático".

Este especialista indica também que cada vez mais estudos mostram como há cada vez mais ondas de calor marinhas que podem ser impulsionadas pelas condições meteorológicas locais. Têm agora uma maior intensidade à medida que os oceanos aquecem - uma tendência prevista para piorar por causa do aquecimento global.

Isto é ainda mais preocupante nos oceanos mais quentes, que fornecem mais energia para tempestades, pondo em risco as camadas de gelo e elevando o nível global do mar, causado pela expansão da água salgada à medida que esta aquece. As ondas de calor marinhas também podem ter efeitos devastadores na vida selvagem marinha e causar o devastamento dos corais nos recifes tropicais.

"Obviamente que estamos num clima de rápido aquecimento e vamos ver novos recordes a toda a hora. Muitas das nossas previsões estão a prever um período de aquecimento. Se isto acontecer, veremos novos recordes não só no oceano mas também em terra. Estes dados já sugerem que estamos a ver um recorde e poderá haver mais no final deste ano", disse, por sua vez, Dietmar Dommenget, cientista climático e modelista da Universidade de Monash.

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