José Luís Carneiro, que disputou a liderança socialista com Pedro Nuno Santos, considerou hoje que o PS e o seu líder “tudo têm feito” pela estabilidade política, defendendo a manutenção da disponibilidade para negociações orçamentais “mas com linhas vermelhas”.
Foi através das redes sociais que José Luís Carneiro transmitiu aquilo que defendeu durante a sua intervenção na Comissão Nacional do PS, que hoje se reuniu em Coimbra com foco no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).
“O PS e o secretário-geral [Pedro Nuno Santos] tudo têm feito e tudo devem continuar a fazer para que o país tenha estabilidade política. A estabilidade é essencial, particularmente numa altura em que estamos a viver uma guerra na Europa e outra no Médio Oriente e quando o país, Estado e autarquias, tem metas tão exigentes para cumprir”, defendeu.
“Manter a responsabilidade para com as novas gerações assumindo a trajetória da redução da dívida pública”, acrescentou ainda.
Como linha vermelha, para Carneiro, está ainda o reafirmar do “modelo de crescimento” defendido pelo PS que passa por “mais inovação, mais competitividade, melhores salários”.
Na política fiscal, o opositor interno nas últimas eleições internas de Pedro Nuno Santos concorda com um “IRC direcionado para os desafios estratégicos” e um “IRS como fator de justiça ao trabalho com dignidade”.
“Temos de tornar claras as nossas prioridades de investimento”, defendeu ainda, dando como exemplo a saúde, a habitação, a educação, os transportes e a mobilidade.
No entanto, para o socialista é ao Governo de Luís Montenegro que cabe “tomar a iniciativa de apresentar as propostas” orçamento, assim como dar o passo para “o diálogo e a concertação política”.
“É, aliás, lamentável que o governo tenha falhado nos seus deveres de apresentar - a tempo e horas - ao parlamento o exercício das contas relativo ao ano de 2024 e as previsões para 2025. Mas não falhou apenas em relação ao maior partido da oposição. Falhou em relação ao presidente do parlamento”, criticou.
Carneiro exige ainda ao executivo PSD/CDS “uma atitude de humildade democrática”.
“É inaceitável a ‘limpeza’ na administração pública, sem cuidar de garantir a transferência de conhecimento. Com o pobre e populista argumento de que é para evitar indemnizações. Para já o que se tem visto é que tem servido pouco o Estado, mas, tem contribuído para garantir saída a muitos dos autarcas do PSD em fim de mandato”, condenou.
Na intervenção que fez na abertura da Comissão Nacional do PS, que foi aberta à comunicação social, Pedro Nuno Santos avisou que, apesar de ser muito importante evitar eleições, não permitirá a aprovação de um Orçamento do Estado com “medidas lesivas”, afirmando que a disponibilidade do PS não é “a qualquer preço”.
O líder do PS acusou o Governo de não ter sido sério na gestão de diferentes dossiês e de ter “feito propaganda e enganado os portugueses” por ter em mente eleições antecipadas e se querer preparar para elas.
Nesta reunião do órgão máximo entre congressos, que durou cerca de três horas, foi aprovado por unanimidade o relatório e contas de 2023.