O sorteio para a fase final do Euro 2024 arrancou sorrisos aos adeptos portugueses – e não foi só por aquele inusitado momento dos estranhos e intrusos gemidos…
Turquia, Chéquia e alguém que venha do play-off teoricamente mais fraco. Nada mau!
Agora que já esfregámos as mãos de contentamento, convém parar e olhar para trás, antes de pensar no que está pela frente.
Sempre disse que tenho medo é dos grupos ‘fáceis’ ou ‘acessíveis’. As favas contadas, para Portugal, foram sempre difíceis de contar.
É verdade que, no atual modelo, a fase de grupos do Europeu serve mais para encontrar as oito piores equipas do que apurar as melhores. Mas é bom não facilitar. Afinal, mesmo quando fomos campeões estivemos tão perto de ser eliminados.
A Turquia tem uma boa equipa. Talvez muitos adeptos portugueses só conheçam o benfiquista Kokçu, mas há muito mais.
Vincenzo Montella só pegou na seleção em setembro, a tempo de vencer o grupo de apuramento.
Tem guarda-redes fiáveis, defesas rijos (Soyuncu, Demiral ou Çelik) talento num meio-campo liderado por Çalhanoglu – e à espera que Arda Guler jogue no Real Madrid - e avançados competentes (Yazici, Karaman, ainda Under e os jovens talentos Yildirim ou Yildiz). Acima de tudo, os turcos têm um conjunto coeso e equilibrado, que pode ser forte.
A Chéquia não tem selecionador. Deverá ser um checo (nunca teve um estrangeiro) mas até poderá ser um alemão ou um português – porque não?
Seja como for, os checos, liderados pelo ‘farol’ Soucek, podem ser difíceis de bater. É certo que já não têm o talento de 1996 ou 2008 (em 2012 já em fim de linha) mas podem ser guerreiros incómodos.
A escola de Praga exporta facilmente talentos para Alemanha, Itália, Países Baixos – e Portugal. Há uma nova geração ansiosa por brilhar nos grandes palcos. Convém não subestimar.
Depois, o play-off. Uma incógnita, claro. Serão Grécia e Geórgia mais fortes do que Cazaquistão e Luxemburgo? Março dirá. E haverá tempo de preparar o adversário que daí sair.
Seria interessante reencontrar os gregos (ai 2004…) já que vamos tropeçar na história de outros europeus, como 2008, quando tivemos República Checa e Turquia no caminho – e vencemos ambos.
Pela terceira vez consecutiva, Portugal fica no Grupo F, o tal que dá mais tempo para preparar o primeiro jogo, como recordou Roberto Martínez.
As semelhanças podem terminar por aí. Preferimos passar em primeiro. Nas últimas duas edições fomos terceiros no grupo. E como estivemos perto de fazer as malas em 2016…