Esta pode ser a chave para reparar lesões cerebrais causadas por AVC ou traumatismo craniano - TVI

Esta pode ser a chave para reparar lesões cerebrais causadas por AVC ou traumatismo craniano

  • CNN Portugal
  • DCT
  • 3 fev 2023, 17:14
Cérebro.

Organoides de tecido cerebral, cultivados em laboratório, foram transplantados em ratos e os resultados foram considerados promissores

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Reconstruir os circuitos cerebrais e restaurar a função cerebral após uma lesão tem sido um dos focos da medicina regenerativa e um grupo de cientistas volta a destacar uma das teorias mais controversas: uso de organoides do próprio cérebro humano em zonas lesionadas. Os organoides são estruturas formadas por um conjunto de células-tronco cultivadas em meio tridimensional e que imitam órgãos humanos.

Um grupo de investigadores da Universidade de Pensilvânia, nos Estados Unidos, decidiu transplantar para o cérebro de ratos estas ‘bolhas’ de tecido cerebral humano trabalhadas in vitro. Embora a ideia não seja nova no mundo da ciência, esta foi a primeira vez que os organoides cerebrais foram transplantados em zonas lesionadas do cérebro.

Apesar de ainda não se conhecer o potencial efeito em humanos, os cientistas responsáveis pelo estudo, que foi publicado na revista Cell Stem Cell, asseguram que os primeiros resultados mostraram-se promissores, pois os organoides foram capazes de se integrar no cérebro e de comunicarem com os neurónios do animal.

Deste modo, os cientistas acreditam que será possível cultivar em laboratório células de tecido cerebral a partir das próprias células de um paciente e, depois, usá-las para reparar lesões, que podem ter sido originadas por um acidente vascular cerebral ou por um traumatismo craniano, por exemplo. 

No estudo, foram transplantados organoides do cérebro humano em cérebros de ratos adultos que sofreram lesões no córtex visual (parte do cérebro que processa informações visuais). Em apenas três meses, que os cientistas dizem ser rápido, os organoides integraram-se, de forma funcional e estrutural, no cérebro do animal, funcionando como se fossem verdadeiramente dele.

A “estrutura organizada e o potencial para enxertos autólogos ou compatíveis com o paciente” são os fatores em jogo para a eventual eficácia do processo, lê-se no estudo. Embora os investigadores não tenham analisado totalmente o desempenho dos animais após o transplante, revelam que os neurónios humanos colocados no cérebro dos animais reagiam a sinais de luzes, o que os leva a crer que este procedimento poderá abrir portas para novos tipos de tratamento.

As nossas descobertas indicam que os organoides cerebrais são capazes de substituir grandes cavidades corticais e de se integrarem nos circuitos de redes ao nível de sistema no cérebro, o que apoia o uso de tecidos neurais derivados de células-tronco pluripotentes para reparar os circuitos cerebrais”, continua a investigação.

Num outro estudo que teve por base a transplantação de células cerebrais em ratos recém-nascidos, publicado em outubro na Nature, foi possível perceber que o comportamento dos animais mudou depois do transplante.

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