Óscares: Academia decide manter a "polémica" nomeação da atriz britânica Andrea Riseborough - TVI

Óscares: Academia decide manter a "polémica" nomeação da atriz britânica Andrea Riseborough

Andrea Riseborough no filme "Para Leslie"

Academia de Hollywood investigou o uso de alegadas "estratégias injustas" de promoção do filme "Para Leslie", mas não encontrou motivos suficientes para retirar a nomeação

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Cate Blanchett referiu-a no seu discurso de aceitação do prémio Critic's Choice. Gwyneth Paltrow afirmou que ela merecia "ganhar todos os prémios que existem e todos os que ainda não foram inventados". Kate Winslet disse que o papel de Andrea Riseborough tinha sido "uma das maiores interpretações" que vira em toda a sua vida. Amy Adams enalteceu a sua representação "notável", que definiu como uma "transformação da alma". Mas há mais: Jane Fonda, Jennifer Aniston, Edward Norton, Helen Hunt, Mia Farrow, Charlize Theron, Courteney Cox, Rosanna Arquette, Susan Sarandon... na semana que antecedeu o anúncio das nomeações para os Óscares, foram muitos os atores que elogiaram publicamente a até aqui pouco conhecida atriz britânica Andrea Riseborough, protagonista de "Para Leslie", um filme independente e que conseguiu pouco mais de 27 mil dólares de receita de bilheteira mundial após a estreia nos cinemas em outubro. 

A nomeação de Andrea Riseborough para Melhor Atriz, anunciada a 24 de janeiro, levantou suspeitas de utilização de "estratégias injustas" de promoção e a Academia anunciou um inquérito interno dos procedimentos da campanha. Esta quarta-feira, os responsáveis pela organização dos óscares decidiram manter a nomeação da atriz britânica Andrea Riseborough, apesar de considerarem que as estratégias usadas na campanha do filme "Para Leslie", de que é protagonista, "causam preocupação".

“Com base nas preocupações que surgiram na semana passada sobre a campanha de 'Para Leslie', a Academia lançou um inquérito às estratégias de campanha do filme”, explica um comunicado.

“A Academia determinou que a atividade em questão não chega ao nível em que a nomeação do filme deve ser retirada. No entanto, descobrimos publicações nas redes sociais e táticas de campanha de divulgação que causaram preocupação. Essas estratégias estão a ser abordadas diretamente com as partes responsáveis”.

A declaração da Academia acrescenta: “O objetivo dos regulamentos de campanha da Academia é garantir um processo de premiação justo e ético – esses são os valores fundamentais da Academia. Após este inquérito, é evidente que alguns dos regulamentos devem ser esclarecidos para ajudar a criar uma estrutura melhor para campanhas respeitosas, inclusivas e imparciais. Essas alterações serão feitas após este ciclo de prémios e serão partilhadas com os nossos membros. A Academia esforça-se para criar um ambiente em que os votos sejam baseados exclusivamente nos méritos artísticos e técnicos dos filmes elegíveis”.

A atriz Andrea Riseborough não foi acusada de irregularidades.

A Academia estabelece limites para o tipo de abordagem que pode ser feito aos membros votantes. No entanto, um artigo do Los Angeles Times afirmava que o realizador Michael Morris (que se estreia na realiação de uma longa-metragem com "Para Leslie") e a sua esposa, a atriz Mary McCormack, contactaram muitas celebridades amigas para lhes pedirem apoio nas redes sociais, de que resultaram muitos tweets com palavras semelhantes, chamando a "Para Leslie" "um pequeno filme com um grande coração". Além disso, a conta oficial do filme também partilhou uma publicação que citava um excerto do texto do crítico Richard Roeper sobre os melhores filmes do ano, no qual falava de Andrea Riseborough em comparação com a atuação de Cate Blanchett em "Tár". Isto viola uma regra oficial da Academia, segundo a qual “qualquer tática que destaque ‘a competição’ por nome ou títulos é expressamente proibida”.

Mas será isto tão diferente do que fazem os outros filmes? A verdade é que todos os estúdios investem como podem na promoção dos seus filmes sempre que julgam ter hipóteses de conseguir uma nomeação. As estratégias usadas passam por conseguir destaque nos meios de comunicação, nomeadamente captar a atenção de críticos influentes, e promover visionamentos para os membros da Academia, tudo para criar um certo "buzz" em redor dos filmes. Os filmes com menos dinheiro para investir na promoção acabam por ter menos hipóteses.

“Parece hilariante que a ‘nomeação surpresa’ (o que significa que não foram gastos rios de dinheiro para promover essa atriz) de uma performance legitimamente brilhante esteja a ser  investigada”, comentou a atriz Christina Ricci, de acordo com o Deadline. “Então apenas os filmes e atores que podem pagar pelas campanhas merecem reconhecimento? Parece elitista e exclusivo."

Com 41 anos, Andrea Riseborough construiu uma carreira sólida tendo participado em "Birdman (ou A Inesperada Virtude da Ignorância)", de Alejandro G. Iñarritu, e "Animais Noturnos", de Tom Ford, mas até aqui era praticamente uma desconhecida em Hollywood. No drama "Para Leslie", interpreta o papel de uma mãe solteira que ganha a lotaria mas acaba por ficar sem dinheiro e entrar no alcoolismo.

De acordo com a distribuidora Nos Audiovisuais, o filme deverá estrear em breve em Portugal.

Riseborough está nomeada para Melhor Atriz ao lado Cate Blanchett, Ana de Armas, Michelle Williams e Michelle Yeoh. 

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