Abel: «Que os portugueses me vejam como um grande homem» - TVI

Abel: «Que os portugueses me vejam como um grande homem»

Abel Ferreira em conferência de imprensa (David Marques/Maisfutebol)

Treinador do Palmeiras diz que isso é mais importante para ele do que ser reconhecido como um grande treinador. Acrescenta que tem o melhor presidente do Mundo

Uma dezena de títulos depois, Abel Ferreira não hesita nem por um segundo. O Palmeiras é o clube mais especial da vida dele.

«É! É, porque foi o clube grande que me deu a oportunidade de poder mostrar tudo aquilo que foi a minha preparação como treinador. E quando atravessas o Atlântico para vir para aqui para um projeto, para um clube…», começou por responder, na antevisão ao jogo com o FC Porto, a uma questão colocada pelo Maisfutebol.

«Eu conhecia o Palmeiras, mas não conhecia a estrutura do Palmeiras. Só há bons treinadores quando há boas estruturas, bons jogadores e bons presidentes. Os outros não vão ficar chateados, mas eu tenho o melhor presidente do Mundo!», disse, referindo a Leila Pereira, presidente do Palmeiras e com quem o treinador português trabalha há quase cinco anos, precisamente desde que chegou ao Brasil.

E justificou: «Temos uma relação extraordinária entre presidente, diretor-desportivo e treinador, a que eu chamo o triângulo do mágico e em que cada um sabe exatamente o que tem de fazer. A nossa presidente exige o que tem de exigir, mas sempre com respeito. Ela sabe o quanto nos dedicamos e também sabe a dedicação e o carinho que tenho por ela por tudo o que fez não só por mim. A minha família está há três anos no Brasil e, para mim, o meu maior título é eu ter a profissão que tenho no Brasil e conseguir ter o núcleo da minha família no Brasil. E poucos treinadores têm essa felicidade numa profissão tão instável. Em 20 dias, um treinador é demitido no Brasil. Quando eu assinei o meu segundo contrato com a Leila, eu expliquei: “Eu vou trazer a minha família para aqui. Quando eu perder dois, três ou quatro jogos, como todos perdem, é para me mandar embora? Se não, não vale a pena." Quando tens uma presidente que te diz: “Nós sabemos quem tu és, o que fazes aqui dentro e cada um sabe o que faz. (…) Enquanto eu for presidente, só não ficas aqui se não quiseres.” Quando ouves isto de um presidente nos dias de hoje – e falo de Portugal e até de Inglaterra, onde antes havia mais estabilidade – eu sou um treinador de projeto e de relações. Sempre disse que não é uma filosofia de jogo: é uma filosofia de vida aplicada ao futebol. É esta a minha maneira de ser e de estar no futebol», assegurou.

Na conversa com os jornalistas que serviu para projetar o Palmeiras-FC Porto, e que começou com questões de jornalistas portugueses a pedido de Abel Ferreira, o técnico falou quase sempre com o coração.

«Como é que acho que os portugueses me veem lá? Muito sinceramente, que me vejam como um grande homem, mais do que como treinador. A ter de escolher entre ser um grande treinador e um grande homem, prefiro ser um grande homem. Não sou perfeito, cometo os meus erros, quando o jogo começa há algo que dentro de mim se transforma e sou um bocadinho bipolar aí: sou um antes do jogo e outro durante. Mas quero acima de tudo que os portugueses me vejam como um grande homem e alguém que construiu tudo o que tem com trabalho, dedicação e muito esforço. Tive de pagar o preço para chegar onde cheguei e agora, com a minha equipa, quero desfrutar», disse.

«O Sporting e o Sp. Braga ajudaram-me muito na formação como treinador, mas a Grécia foi o ponto maior da minha evolução como treinador: apanhei treinadores espanhóis, italianos e portugueses. E o Brasil e o Palmeiras vêm-me consagrar com títulos, acrescentou, repartindo os louros do sucesso com que trabalha diariamente no clube brasileiro. «Eu tive a sorte de apanhar um clube que oferece todas as condições para os seus treinadores triunfarem. É um orgulho e uma honra muito grandes poder estar a representar o Palmeiras no Campeonato Mundial de Clubes. Que eu seja reconhecido como um bom homem que atravessou o caminho, como muitos dos nossos antepassados fizeram à procura de ser felizes.»

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