Presos há mais de 12 horas a 275 metros do chão: foi assim que estiveram seis crianças, um jovem de 16 anos e um professor num teleférico no Paquistão, onde as equipas de socorro fizeram de tudo para resgatar o grupo de estudantes. Trata-se de um grupo composto por sete estudantes, com idades entre os 10 e os 16 anos e um professor de 20 anos.
A missão avizinhava-se difícil, uma vez que o cair da noite obrigou as autoridades a cancelarem a utilização do helicóptero, passando o resgate a ser feito com os meios disponíveis. Se a primeira criança foi resgatada através de um helicóptero do exército, a segunda conseguiu deixar o veículo precisamente pelo fio, uma das hipóteses para que os ocupantes do veículo consigam sair em segurança durante a noite.
Entretanto as autoridades anunciaram que outras três crianças foram resgatadas, pelo que três pessoas - incluindo uma outra criança e ainda um jovem de 16 anos e o professor - continuam no teleférico. Mais tarde foi confirmado que todos os oito ocupantes do veículo tinham sido retirados.
Um dos recursos foi a utilização de um teleférico mais pequeno para resgatar as pessoas ainda presas, numa altura em que se temia pelas condições de saúde de alguns alunos, nomeadamente a de um jovem que tem problemas cardíacos - o jovem de 16 anos - e que se suspeita que esteja inconsciente há várias horas, segundo o professor.
"Nem sequer temos água para beber", lamentou o docente, que foi identificado pelos media locais como Gulfraz.
Um teleférico construído para tornar um caminho de duas horas num de quatro minutos
Citado pelo pela BBC, Gulfraz explicou que o teleférico parou cerca das 07:00 locais (03:00 em Lisboa) depois de andar cerca de um quilómetro e meio, quando um dos cabos que liga a infraestrutura do teleférico se partiu. Mais tarde, um segundo cabo também rompeu, deixando o teleférico preso por apenas um cabo. O veículo fazia o trajeto entre Jangri, de onde é o grupo, e Batangi, onde se localiza a escola. Trata-se de uma viagem normal entre as duas localidades, uma vez que a ligação terrestre demora cerca de duas horas a pé, pelo que um mecânico local decidiu construir a linha de teleférico para facilitar o acesso, que demora quatro minutos.
O primeiro-ministro interino do Paquistão, Anwaar-ul-Haq Kakar, manifestou preocupação com o incidente, descrevendo-o como "realmente alarmante" e adiantou que instruiu as autoridades a procederem "com urgência" ao resgate das pessoas que estão presas naquele teleférico, além de ter solicitado uma inspeção aos aparelhos.
Naquela região montanhosa é bastante comum a utilização de teleféricos para cruzar rios e encurtar as distâncias entre os vales. Contudo, muitas vezes são construídos pelas comunidades locais de forma ilegal, o que não parece ser o caso.
Antes do problema, este teleférico já tinha feito quatro viagens de ligação à escola, mas acabou por romper um dos cabos à quinta tentativa. No local está o dono do teleférico e também vários membros do exército. Ao que foi possível apurar, a instalação tinha todas as autorizações necessárias para operar.
O resgate deixou todo o país ligado à televisão, onde os milhões de paquistaneses continuam a acompanhar atentamente todas as operações.