“Recuperei a minha vida”. Absolvido polícia acusado de negligência no massacre de Parkland - TVI

“Recuperei a minha vida”. Absolvido polícia acusado de negligência no massacre de Parkland

Scot Peterson, polícia envolvido no tiroteio numa escola da Flórida

Enquanto Peterson aguardava por reforços, mais de 17 pessoas perderam a vida. O caso, quase inédito, gerou bastante polémica nos Estados Unidos.

O júri absolveu de todas as acusações o polícia Scot Peterson, acusado de 11 crimes por ter esperado por reforços fora do edifício da escola secundária de Parkland, onde um atirador cometia um dos maiores massacres da história do país ao tirar a vida a 17 pessoas.

As câmaras captaram a reação emocionada do agora ex-adjunto do xerife de Parkland, de 60 anos, que respondia às acusações de negligência infantil e negligência culposa devido à sua alegada inação. “Recuperei a minha vida”, disse Peterson aos jornalistas, de lágrimas nos olhos.

O antigo polícia era acusado de ter não ter confrontado o atirador, aguardando no exterior do edifício durante 45 minutos, até ao assassino ser detido. A situação está a motivar debate nos Estados Unidos (EUA) por se tratar de um caso sem precedentes.

Peterson “deixou para trás um assassino sem restrições para passar os próximos 4 minutos e 15 segundos passeando pelos corredores à vontade”, disse a procuradora assistente Kristen Gomes nas declarações finais na segunda-feira. 

“A única pessoa culpada é aquele monstro. Cada um fez o melhor que pôde. Fizemos o melhor que pudemos com as informações que tínhamos e Deus sabe que gostaríamos de ter mais naquele momento”, afirmou Peterson.

Este caso gerou bastante polémica nos Estados Unidos. Para ser condenado, Peterson tinha de ser considerado “prestador de cuidados a crianças”, de acordo com o advogado do polícia, que acrescenta: “Ele não é um professor, não é um pai, não é alguém responsável pelo bem-estar de uma criança”.

O foco do debate residiu em dois pontos essenciais. Por um lado, fala-se na possível abertura de um novo campo jurídico, que deverá ter implicações não só nas autoridades como nos professores de escolas onde os ataques aconteçam, que, em muitos estados, já podem andar armados. Por outro lado, discute-se a "obrigação moral" de as autoridades protegerem os alunos e fazer jus à profissão.

A reação de Peterson ao longo de todo o processo foi alvo de críticas por parte da comunidade, incluindo os pais dos estudantes da escola atacada. Em 2018, o polícia permaneceu no exterior do edifício à espera de reforços enquanto Nikolas Cruz feria 17 pessoas e matava outras 17, incluindo várias crianças. O atirador de 19 anos foi condenado a prisão perpétua em outubro do ano passado.

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