PCP dispensa deputada - TVI

PCP dispensa deputada

  • Portugal Diário
  • 23 nov 2006, 19:40
Luísa Mesquita (Foto: Manuel Moura, Lusa)

Luísa Mesquista recusa decisão partidária e não abandona Parlamento

O PCP propôs à deputada Luísa Mesquita a sua substituição na Assembleia da República. A parlamentar não aceitou a decisão. De seguida, o líder comunista do hemiciclo de S. Bento, Bernardino Soares, anunciou a retirada da confiança do partido de Mesquita. Odete Santos e Abílio Fernandes, por sua vez, aceitaram ser substituídos.

Para Bernardino Soares, citado pela Lusa, a atitude da deputada eleita por Santarém é uma «uma violação dos princípios e compromissos que presidem ao funcionamento do PCP».

A perda de confiança política por parte do PCP não retira Luísa Mesquita da bancada comunista, mas forçá-la-á a deixar a Comissão da Educação e dos Negócios Estrangeiros, restando-lhe a proposta da passagem para a Comissão da Saúde.

O secretário geral-comunista, Jerónimo de Sousa, mostrou-se surpreso com a decisão de Mesquita, descrevendo-a como uma «violação de um compromisso ético e político». «O mandato é do deputado, mas o programa pelo qual foi eleito é o do PCP», sublinhou.

Odete Santos e Abílio Fernandes de saída

Contrariamente a Luísa Mesquita, os deputados Odete Santos e Abílio Fernandes concordaram com a decisão de serem substituídos em S. Bento, processo que Jerónimo de Sousa disse ser «normal e natural» e decorrente de «uma avaliação das necessidades objectivas do partido».

O secretário-geral comunista garantiu que não houve «qualquer carácter persecutório», em relação a Mesquita.

Em altura de eleições, todos os candidatos do PCP assinam uma declaração aceitando colocar o lugar para o qual foram eleitos à disposição do partido se a direcção assim o entender.

«Para nós, isto é uma questão importantíssima. Então para que é que todos nós assinamos o compromisso se depois não aceitamos? Há aqui uma contradição insanável"», afirmou Jerónimo de Sousa, numa referência a Mesquita, citado pela Lusa.

Mesquita não vê razões para substituição

A deputada comunista lamentou a decisão do seu partido de substituí-la no hemiciclo de S. Bento. Em declarações à SIC Notícias, Luísa Mesquita diz que não lhe foi apresentada nenhuma razão para a sua saída do Parlamento.

«Foi-me dito que o meu trabalho realizado na AR era considerado positivo»,garantiu a deputada, acrescentando: «Perante estas informações, não estive disponível para aceitar a minha renúncia».

«Somos deputados mas não somos objectos», disse a deputada, em conversa telefónica com o canal televisivo, explicando: «Em 2001, deixei claro ao partido que a minha carreira académica estava interrompida (...). Quando aos 57 anos de idade sou confrontada com esta posição do partido tenho que equacionar a minha posição enquanto pessoa».

«Estas matérias não podem, na minha opinião, ser decididas de um momento para o outro, a não ser que nós admitamos que os seres humanos são peças de um puzzle e colocadas de lado quando já não servem», afirmou Luísa Mesquita, citada pela Lusa.

Apesar da decisão do PCP, «considerei que tinha todo o direito para continuar a exercer o mandato pelo qual fui eleita pelas populações», disse a deputada à agência noticiosa.

Luísa Mesquita foi eleita deputada por Santarém entre 1983 e 1985, tendo regressado à carreira académica nesse ano. Depois, a convite do PCP, regressou às listas do partido em 1995 e à Assembleia da República, onde se tem mantido.
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