PCP acusa Governo de operar um “verdadeiro processo de encerramento" das urgências - TVI

PCP acusa Governo de operar um “verdadeiro processo de encerramento" das urgências

  • Agência Lusa
  • CF
  • 19 jan 2023, 18:17
Hospital Santa Maria (Lusa/Tiago Petinga)

Segundo o deputado do PCP, em 2023 haverá “um agravamento da situação da saúde em Portugal, a avaliar pelo que se conhece das medidas implementadas e anunciadas pelo Governo”

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O PCP acusou esta quinta-feira o Governo de estar a operar um “verdadeiro processo de encerramento de serviços" de urgências e considerou que está em curso uma “desvalorização intencional dos profissionais de saúde”.

Numa declaração política na Assembleia da República, dedicada ao tema da saúde, o deputado do PCP João Dias começou por considerar que “os problemas de acesso aos cuidados de saúde não são conjunturais ou episódicos, são estruturais e crónicos”, defendendo que está em curso “uma desvalorização intencional” dos profissionais daquele setor.

“Sim, senhores deputados, a desvalorização dos profissionais de saúde é intencional por fazer parte da espinha dorsal da estratégia dos grupos económicos, com a conivência dos sucessivos governos que tentam fazer do setor de saúde um negócio”, sustentou.

Segundo o deputado do PCP, em 2023 haverá “um agravamento da situação da saúde em Portugal, a avaliar pelo que se conhece das medidas implementadas e anunciadas pelo Governo”.

João Dias abordou designadamente a decisão do Governo de reorganizar os serviços de urgências de ginecologia e obstetrícia e considerou que o executivo está a “equacionar aplicar o mesmo modelo de rotatividade” às urgências em geral.

“Trata-se de soluções que, além de não resolverem os problemas, ainda deixa que se agravem mais, uma vez que não resolve o que está na sua origem, que é a enorme carência de profissionais de saúde, em particular de médicos”, sublinhou.

O deputado do PCP acusou assim o Governo de estar operar “um verdadeiro processo de encerramento de serviços e de concentração que não serve de maneira nenhuma as necessidades da população”.

“Pode até o Governo afirmar que são medidas temporárias. Contudo, o que se vai percebendo é que, de facto, têm por trás um claro objetivo de as tornar definitivas, o que só beneficia os interesses dos grupos privados da doença”, vincou.

João Dias considerou ainda que “não ser percebe” porque é que o Governo, apesar de ter anunciado apoios à fixação de médicos nas zonas de Bragança, Guarda, Covilhã, Castelo Branco, Santiago do Cacém e Beja, não o fez igualmente para “outras zonas fortemente carenciadas”, como as regiões do Tâmega e Sousa ou de Lisboa e Vale do Tejo.

E defendeu ainda que “importa resolver” a questão das “regras de descongelamento da carreira de enfermagem”.

O deputado do PCP alertou que, “no que diz respeito à saúde pública, mantêm-se as condições de grande debilidade" e que a estrutura está depauperada nos seus meios.

João Dias salientou que o PCP defende um caminho “inverso àquele que tem sido seguido”, considerando que “só com um verdadeiro e considerável reforço do investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) será possível acabar” com os problemas atuais, como os “elevados tempo de espera” ou os “equipamentos obsoletos” e “desadequação das instalações”.

Num pedido de esclarecimento a esta intervenção de João Dias, o deputado do Chega Pedro Frazão considerou que “a ruína do SNS também é culpa do PCP”, porque os comunistas aprovaram seis Orçamentos do Estado durante a ‘geringonça’.

O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, concordou com João Dias, criticando “a falta de vontade do Governo de valorizar o SNS”, acusando o executivo de estar a tomar decisões que servem para “desmantelar serviços de saúde e não para melhorar a resposta às pessoas”.

Por sua vez, a deputada do PS Berta Nunes interrogou-se “se o PCP acredita naquilo que diz”, perguntando a João Dias como é que “pode dizer que o PS quer destruir o SNS quando foi o PS que criou o SNS”.

Já o deputado do PSD Rui Cristina considerou que o PCP é “cúmplice do caos e da situação de pré-colapso” do SNS e é “patrocinador e corresponsável pelo maior aumento de seguros privados de saúde em Portugal”.

Na resposta a Berta Nunes, João Dias referiu que o SNS “é uma conquista da revolução de Abril” e “do povo português” e sublinhou que, se o PS se considera pai do SNS, então está “a tratar muito mal o filho”.

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