Ministério Público do Peru abre inquérito por "genocídio" contra a presidente - TVI

Ministério Público do Peru abre inquérito por "genocídio" contra a presidente

  • Agência Lusa
  • BC
  • 11 jan 2023, 06:53
Dina Boluarte (Associated Press)

Justiça vai investigar repressão do governo às manifestações que já fizeram 40 mortos desde dezembro

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O Ministério Público peruano anunciou a abertura de uma investigação por "genocídio" contra a Presidente Dina Boluarte e vários altos funcionários pela repressão às manifestações antigovernamentais que causaram pelo menos 40 mortos desde dezembro.

A procuradora Patricia Benavides "decidiu abrir uma investigação preliminar contra a Presidente Dina Boluarte, o presidente do Conselho de Ministros Alberto Otárola, o ministro do Interior, Victor Rojas, o ministro da Defesa, Jorge Chávez", anunciou na terça-feira o Ministério Público, na rede social Twitter.

A investigação diz respeito a atos de “genocídio, homicídio qualificado e ferimentos graves, cometidos durante as manifestações de dezembro de 2022 e janeiro de 2023 nas regiões de Apurimac, La Libertad, Punon, Junin, Arequipa e Ayacucho”, disse.

A investigação também visa o ex-presidente do Conselho de Ministros Pedro Angulo e o ex-ministro do Interior César Cervantes, que fizeram parte do governo de Dina Boluarte entre 07 e 21 de dezembro, período durante o qual 22 pessoas morreram em protestos.

Pelo menos 40 pessoas morreram – 18 das quais só na segunda-feira – e mais de 600 ficaram feridas no Peru em protestos antigovernamentais após a queda e prisão do ex-Presidente Pedro Castillo, em 07 de dezembro, que levou a que Boluarte assumisse a presidência do país por sucessão constitucional.

O governo do Peru decretou na terça-feira um recolher obrigatório de três dias no epicentro dos protestos, a região de Puno, no sul, onde vive o povo aimará, adiantou Alberto Otárola.

O primeiro-ministro acrescentou que o governo declarou um "luto nacional” para esta quarta-feira, "em respeito aos que caíram" nos protestos.

O líder do governo adiantou que um agente da Polícia Nacional morreu após ser "queimado vivo" por uma multidão que o atacou na cidade andina de Juliaca.

"A polícia (…) confirmou que um agente foi espancado e algemado e o outro, (…) José Luis Soncco Quispe, morreu, foi queimado vivo dentro da sua viatura", realçou.

Otárola também mencionou que chegou na manhã de terça-feira à região de Puno, na fronteira com a Bolívia, uma comissão governamental "multissetorial" integrada pelo chefe da assessoria da presidência e vários vice-ministros.

O Peru atravessa uma crise política e social devido às manifestações que abalam o país desde a destituição de Pedro Castillo, que quis dissolver o parlamento para convocar uma assembleia constituinte, criar um governo de emergência e governar por decreto, o que foi interpretado como uma tentativa de golpe de Estado.

Entre outras reivindicações, os manifestantes exigem a antecipação das eleições, marcadas pelo novo Governo para a primavera de 2024, a dissolução do Congresso, a convocação de uma Assembleia constituinte, a demissão de Boluarte e a libertação de Pedro Castillo, condenado a 18 meses de prisão preventiva.

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