Morais Sarmento e as quatro contradições de Granadeiro - TVI

Morais Sarmento e as quatro contradições de Granadeiro

Ex-ministro social-democrata arrasou presidente da PT, que o tinha acusado de pressões

Nuno Morais Sarmento negou, esta terça-feira, ter exercido qualquer pressão sobre Henrique Granadeiro quando este era presidente da Lusomundo Media, conforme o actual presidente da PT tinha afirmado na Comissão de Ética.

«Ouvi as declarações insuspeitíssimas de Granadeiro com alguma surpresa. Não, eu não pedi a demissão de nenhum dos jornalistas que o insuspeitíssimo senhor referiu», ironizou.

O ex-ministro social-democrata, que tutelou a pasta da comunicação social, apresentou de seguida aquelas que considera as quatro maiores contradições de Henrique Granadeiro.



Relembrando que o chairman da PT referiu «terem existido um conjunto de pressões», Morais Sarmento garantiu que só teve «uma conversa pessoal» com Granadeiro enquanto foi ministro, pelo que o «conjunto de pressões» não se podia ter verificado.

A contradição que considera «mais clara» diz respeito a um dos jornalistas que teria querido demitir, José Leite Pereira, director do JN. «Henrique Granadeiro cessou funções em 2004 na Lusomundo Media e Leite Pereira assumiu funções como director em 2005. É impossível querer demitir alguém que nem sequer exerce essas funções», explicou.

Sobre o facto de Granadeiro ter pedido, alegadamente, a sua demissão «na sequência dessas pressões», Morais Sarmento frisou que o então presidente da Lusomundo Media «nunca se demitiu». «Há uma decisão da comissão executiva que determina a cessação das funções na LM quando Granadeiro assume funções na PT Multimedia. Ele não apresentou qualquer demissão», denunciou.

«A quarta contradição é que se Granadeiro se tivesse oposto às pressões por mim feitas e se se tivesse demitido, por que é que nenhum desses jornalistas foi demitido?», questionou.

Morais Sarmento criticou, então, a «falta de sentido das declarações» de Granadeiro, acusando-o de «ser useiro e vezeiro em contradições», com muitas «incongruências» nas suas palavras.

«Ele não se recorda de datas de há seis meses [negócio PT/TVI], mas lembra-se de há seis anos. Com que credibilidade? E qual é a sua credibilidade quando confrontado com a maior pressão que alguém lhe fez se calou?», perguntou.

O contra-ataque do PS

Nuno Morais Sarmento é a primeira das personalidades convidadas pelo PS a serem ouvidas na Comissão de Ética. «O convite teve justamente a ver com a denúncia de Henrique Granadeiro», esclareceu o deputado socialista Manuel Seabra.

«O PSD tem um longo cadastro, tem telhados de vidro em matéria de liberdade de expressão. E o PS tem sido vítima de acusações sem fundamento, tudo serviu para enlamear o nome do primeiro-ministro», referiu, antes de Morais Sarmento falar.

Já o PSD e o CDS-PP optaram por não colocar questões ao ex-ministro do Governo social-democrata/democrata-cristão, porque os deputados se consideraram «esclarecidos» só com as primeiras palavras de Morais Sarmento.

PT/TVI: «Não acredito que Governo não tenha sido avisado»

O ex-ministro da Presidência não acredita que o Governo não tenha tido conhecimento antecipado da intenção de compra da TVI por parte da PT: «Acho absolutamente impossível que o Governo não tenha conhecido antecipadamente a hipotética compra da TVI pela PT.»

«Os representantes do Estado na PT têm que informar o accionista [o Governo] sobre qualquer proposta estruturante, como é a venda de uma televisão num país onde há duas estações privadas e uma pública», acrescentou.

«Não acredito que [o Governo] não tenha sido, até mais do que uma vez, avisado», reforçou.
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