UE deve “reafirmar capacidade própria sem diminuir papel da NATO” - TVI

UE deve “reafirmar capacidade própria sem diminuir papel da NATO”

Ministros da Defesa de Portugal, França, Espanha e Itália estiveram reunidos no Porto

Azeredo Lopes falou aos jornalistas numa conferência conjunta com os ministros da Defesa de Espanha, França e Itália, após o terceiro encontro dos países do "Quarteto do Sul"

O ministro da Defesa português, Azeredo Lopes, defendeu esta segunda-feira que a União Europeia (UE) deve "reafirmar" a sua "capacidade própria" em matéria de defesa "sem com isso diminuir o papel da NATO".

Azeredo Lopes, que falava numa conferência conjunta com os ministros da Defesa de Espanha, França e Itália, após o terceiro encontro dos países do "Quarteto do Sul", respondia a uma pergunta sobre se na reunião foi considerado necessário reforçar as capacidades europeias no que toca à Aliança Atlântica e não depender tanto dos 75% dos EUA.

"Não se trata de uma questão de independência ou de um grito do Ipiranga (…). Não se entenda isto como uma contradição face a nosso empenhamento com a NATO. O que se trata é de reafirmarmos a nossa capacidade própria em assegurarmos a nossa defesa e a nossa segurança sem com isso diminuir o papel da NATO", disse o ministro português.

O governante procurou vincar que grande parte dos membros da UE são membros da NATO e que ambas as organizações dialogam, dando como exemplos as operações ‘Sophia' e ‘Sea Guardian' que decorrem no Mediterrâneo.

"Não temos tendências esquizofrénicas. Acho que está feita a demonstração de que estamos a encontrar um caminho equilibrado, ambicioso e europeu de maior responsabilidade em matéria de defesa", disse o ministro português, salientando que as relações entre a UE e a NATO são "saudáveis".

Azeredo Lopes manifestou ainda “confiança plena” na continuação das relações transatlânticas, destacando o facto de o presidente norte-americano ter confirmado a sua presença na Cimeira da NATO em maio, contradizendo os “sinais catastróficos”.

“A circunstância de o Presidente norte-americano [Donald Trump], como foi dada notícia ainda hoje, ter tido uma conversa muito franca e importante com o secretário-Geral da NATO e ter, sobretudo, confirmado que estará presente na Cimeira de maio são sinais que, felizmente, parecem contradizer as tendências que alguns consideravam ser relativamente catastróficas, mas que não parecem confirmar-se.”

O governante disse encarar com “muita serenidade” as relações transatlânticas em matéria de defesa, acreditando que a NATO saberá ter a capacidade para enfrentar desafios que “realmente não são fáceis”, mas se até hoje foram superados com êxito não há razões para que seja de outra forma.

“Destacaria, pela positiva, o empenhamento que o novo secretário da Defesa norte-americano disse ter a 100% perante a organização [NATO],e não temos qualquer razão para duvidar de tal empenhamento, considerando que ele próprio lá desempenhou funções militares muito importantes”, salientou.

Recorde-se que Donald Trump vai encontrar-se em maio com os seus parceiros da NATO, anunciou no domingo a Casa Branca após um contacto telefónico do presidente norte-americano com o secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg.

Azeredo Lopes falou aos jornalistas ladeado pelos seus homólogos espanhol, Maria Cospedal, francês, Jean-Yves le Drian, e italiana, Roberta Pinotti, numa reunião que decorreu no Palácio da Bolsa, no Porto, e na qual foi assinada uma carta que será enviada ao secretário-geral da organização.

O governante não quis adiantar muito sobre o teor do documento, reservando a divulgação para depois do destinatário tomar conhecimento do seu conteúdo, mas confirmou que neste encontro do "Quarteto Sul" foram abordados temas relacionados com uma estratégia da NATO para o chamado flanco sul, bem como ligados à nova América de Trump.

Ministra de Espanha diz que NATO não teve uma posição forte no flanco Sul

Já a ministra da Defesa de Espanha, Maria Cospedal, considerou que a NATO não teve uma posição “muito forte” no que diz respeito aos países do flanco Sul da Europa.

“Precisamente por esse motivo queremos um maior reforço dessa ambição, claro sem esquecer o objetivo pelo qual a organização foi criada”, afirmou após a reunião ministerial de defesa do “Quarteto do Sul”, realizada no Porto.

A governante frisou que as ameaças com que a Europa se depara hoje no âmbito do tratado do Atlântico Norte são diferentes do que eram há alguns anos porque os riscos são maiores e vêm de sítios diferentes. E acrescentou: “acreditamos que o reforço da política no flanco Sul seria muito importante”.

Este encontro antecede a reunião dos ministros de Defesa dos 28 países da NATO, que decorrerá nos dias 15 e 16, em Bruxelas, Bélgica, onde está sediada a organização

 

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