Sócrates para Lurdes Rodrigues: «Foi uma honra ter servido o país consigo» - TVI

Sócrates para Lurdes Rodrigues: «Foi uma honra ter servido o país consigo»

Ex-ministra «apaparicada» por José Sócrates, de lágrimas nos olhos, no lançamento do seu livro sobre os quatro anos e meio de mandato

Já foi recebida com ovos, mas esta quinta-feira Maria de Lurdes Rodrigues recebeu apenas muitos beijinhos e abraços. A ocasião não era para menos: a ex-ministra da Educação apresentava o seu livro «A escola pública pode fazer a diferença».

Na Livraria Almedina, em Lisboa, vimos Pacheco Pereira a comprar o livro. Em apenas duas horas, aliás, venderam-se mais de 250 exemplares. Por 18,17 euros, muitos foram os interessados em rever o que «a professora» andou a fazer durante mais de quatro anos de mandato.

«Estou aqui num acto de consideração e respeito pela inteligência e dignidade desta senhora», justificou Mário Soares, à entrada. A sucessora, Isabel Alçada, também lá esteve, parca em palavras. Disse apenas que ambas «partilham» o gosto pela educação.

Foi um desfilar de ministros, ex-ministros e secretários de Estado. Mário Lino, Vieira da Silva, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão, João Tiago Silveira, Veiga Simão, Paulo Campos não faltaram à chamada e, com mais de 30 minutos de atraso, também José Sócrates fez questão de marcar presença.

«Este livro é a consequência natural de ter sido ministra. O seu objectivo não é o da compreensão, é a minha visão dos problemas da educação. É necessário um trabalho de professores, pais, escolas, directores, todos somos poucos para este desafio que é a fazer a diferença com a escola pública», afirmou Lurdes Rodrigues aos jornalistas.

A ex-ministra sabe que foi polémica e por isso até se confessa satisfeita de não continuar «na primeira linha». Não fala de arrependimentos, embora admita que «se fazem sempre coisas diferentes». E quanto à sucessora, Isabel Alçada, considera que «está a fazer o melhor possível». «É natural que tenha uma visão diferente da minha, mas essa diferença é uma riqueza», acrescentou.

Por trás das reformas de Maria de Lurdes Rodrigues (ou, nas palavras da própria, a sua «inspiração»), esteve José Sócrates, que sublinhou a «coragem» necessária em «tempos difíceis». O primeiro-ministro destacou as apostas nas Novas Oportunidades, nas tecnologias da informação e da comunicação e no ensino profissional como as grandes «mudanças para uma escola pública à altura dos tempos».

«Este livro não é de quem tem nenhum ressentimento, é de quem tem grandeza e superioridade. É o livro de quem sabe que cumpriu o seu dever, de quem deu o seu melhor e com resultados. Maria de Lurdes Rodrigues, foi uma honra ter servido consigo o nosso país», disse, visivelmente emocionado.

«Facadas» houve poucas, apenas um pequeno recado aos professores: «[A ex-ministra] serviu o interesse geral e teve o mérito político de nunca ter cedido aos interesses corporativos.»

O ex-Presidente da República Mário Soares, que confessou ainda não ter lido o livro, apresentou a obra de «uma ministra que teve um plano, discutível como todos, mas que tinha lógica e sentido». «[Lurdes Rodrigues] foi capaz de se bater até ao fim por esse plano e o primeiro-ministro tem essa mesma coragem. Em política é preciso saber-se o que se quer, ter coragem para avançar quando é preciso», discursou.

Já o investigador Sobrinho Simões optou por destacar o livro «muito tranquilo, que não dá funções mágicas, mas que presta contas». «É assustador ler o que a senhora fez e de repente perceber o salto que demos em diversas áreas», elogiou.

Na obra, dedicada a quem foi aluno durante o seu mandato, aos «professores que fazem a diferença na escola pública» e aos «adultos que tornaram possível as Novas Oportunidades», Maria de Lurdes Rodrigues explica 24 medidas que tomou enquanto foi ministra. «Não é um livro ressabiado. Sem se pôr em bicos de pés, sem queixumes, sem ser choramingas, tem a certeza que fez uma obra notável», resumiu Sobrinho Simões.

«Não se teria jamais atingido o possível, se não se houvesse tentado o impossível». E foi com esta citação de Max Weber, recordada hoje pela directora do Colégio Moderno, que a homenagem ficou completa, numa sala cheia. Sem professores à vista.
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