Regionalização: Sócrates perde apoio interno

O deputado socialista e ex-candidato presidencial Defensor Moura disse esta quinta-feira à agência Lusa ter abandonado a comissão de honra da candidatura de José Sócrates a secretário-geral do PS, em protesto pela forma como a regionalização foi posta «na gaveta».

«Renunciei a fazer parte da comissão de honra da candidatura de José Sócrates a secretário-geral. Não quer dizer que não o apoie, porque não vejo alternativa a ele, mas é a minha forma de mostrar desagrado pela forma como foi metida na gaveta a regionalização», disse Defensor de Moura à Lusa.

O ex-candidato presidencial, que foi uma das vozes que defenderam a regionalização na reunião do grupo parlamentar socialista, considera que «é nas crises que se fazem as grandes reformas» e que «não se consegue reduzir despesa e aumentar a competitividade do país» sem a criação de regiões.

Na moção de estratégia de José Sócrates ao congresso do PS considera-se que «neste momento, as circunstâncias económicas e políticas (em boa parte dada a recusa do PSD de avançar efectivamente para a regionalização) não favorecem, de todo, este movimento».



«Ignorá-lo seria um sinal de falta de lucidez que poderia conduzir à derrota definitiva da ideia da regionalização», lê-se o documento.

Para Defensor Moura, «a argumentação que foi adoptada de que não há condições para avançar com o referendo à regionalização neste momento é uma argumentação infeliz».

«Até à fase do referendo há muito trabalho preparatório a fazer, de delimitação, de competências, de toda uma reforma administrativa que é preciso fazer na administração pública, nas freguesias, nos concelhos, no associativismo municipal», explicou o deputado, ex-autarca de Viana do Castelo.

«O referendo é uma coisa a fazer-se no fim de todo esse trabalho», sublinhou.