No Brasil, também há ecos do discurso de Marcelo Rebelo de Sousa. O G1 destaca em título "Presidente de Portugal não dissolve Parlamento, mas diz que será mais assertivo com governo". O artigo começa por referir que os últimos dias foram de grande "tensão" entre o Presidente da República e o primeiro-ministro e que se colocava a hipótese de Marcelo dissolver o Parlamento, o que não aconteceu.
O G1 destaca que a declaração do chefe de Estado português, transmitida pela televisão, foi cheia de "avisos" ao Governo, com Marcelo a afirmar que o Executivo tem de "preservar a sua credibilidade". O texto sublinha ainda que Marcelo prometeu ser "mais assertivo" no seu relacionamento com o Governo, mas que preferiu que o país não fosse para eleições antecipadas por considerar que, neste momento, "o mais importante é a estabilidade política para ajudar os portugueses a lidar com a inflação". "Apesar de não ter dissolvido o Parlamento, Marcelo Rebelo de Sousa disse que o poderia fazer se o Governo perder credibilidade", acrescenta o G1.
O artigo vinca depois que António Costa "é um dos líderes de governo mais fortes e consolidados da Europa", estando "no poder desde 2015", mas que "vive um terceiro mandato complicado". "Mais de dez ministros e secretários de Estado deixaram os seus cargos no ano passado, dois deles ligados a um escândalo na companhia aérea TAP, desencadeado por uma indemnização irregular a um membro do conselho", lê-se no texto.
Por outro lado, Marcelo Rebelo de Sousa é descrito como "uma figura carismática, frequentemente vista no supermercado" ou "a comer gelado nas ruas de Lisboa", lembrando o G1 que o Presidente "foi eleito pela primeira vez em 2016 e reeleito em 2021 por uma vitória esmagadora". "A crise política entre os dois líderes complicou a situação de Portugal, que já vive um cenário de inflação e de altas taxas de juros", nota-se no texto.
Também a agência de notícias Reuters, cujo serviço é utilizado por vários órgãos de comunicação em todo o mundo, dá conta de que o Presidente "advertiu o primeiro-ministro", mas decidiu "manter o Parlamento". O texto, assinado por Sergio Goncalves e Andrei Khalip, refere que o Presidente de Portugal dirigiu um "alerta grave" ao primeiro-ministro, depois da rutura no relacionamento entre os dois ter colocado o país "à beira de uma crise política total".
A Reuters cita os analistas para dizer que "a possibilidade de eleições antecipadas resultarem num parlamento fragmentado e num governo instável provavelmente impediu o Presidente de usar medidas mais drásticas". O artigo destaca que Marcelo avisou o governo de maioria socialista que "tem trabalho a fazer para preservar sua credibilidade" e prometer "ser mais assertivo em seu relacionamento com o Governo".
O Presidente da República fez uma declaração ao país, esta quinta-feira, cheia de recados e avisos ao Governo. Marcelo assumiu que existe uma "divergência de fundo" com o primeiro-ministro, na sequência do caso que envolve o ministro João Galamba, mas escolheu a estabilidade, não demitindo o Executivo nem dissolvendo o Parlamento.
Marcelo Rebelo de Sousa recordou que "no passado, com maior ou menor distância temporal, foi sempre possível acertar agulhas" com o primeiro-ministro em diversas matérias", mas "desta vez não". O chefe de Estado disse ainda que "o que sucedeu terá outros efeitos no futuro": "Terei de estar ainda mais atento à questão da responsabilidade política e administrativa dos que mandam."