André Silva considera que Inês de Sousa Real está "agarrada ao lugar" e mostra "tiques de autoritarismo" quando recusa a realização de um congresso para ouvir os filiados e rever o percurso do partido depois dos maus resultados nas últimas eleições legislativas. O PAN, que na última legislatura tinha conquistado quatro lugares no hemiciclo, terminou a noite eleitoral com apenas um deputado.
Sem poupar nas críticas, André Silva disse que o partido sob a direção de Inês de Sousa Real assumiu uma "ambição desmedida de poder" e que por isso se tornou "subserviente do Partido Socialista".
"É uma desilusão aquilo que se está a passar no PAN, ninguém contava com este desaire. Mas também ninguém contava que numa lista de continuidade fossem cometidos tantos erros como estes de de repente quererem deixar de ser um partido de fora do sistema e quererem ser um partido semelhante ao PS e ao PSD", lamentou.
Questionado sobre se estaria disponível para voltar a assumir a liderança do partido, André Silva sublinhou, no entanto, que esse foi "um ciclo que se fechou" na sua vida.
Esta segunda-feira, dez membros da Comissão Política Nacional do PAN apresentaram a sua demissão, alegando "total asfixia democrática interna".
Inês de Sousa Real recusa "receio" de ir a congresso e critica demissões por "agenda pessoal"
Em declarações à agência Lusa, Inês Sousa Real defendeu que “o PAN precisa de reflexão, precisa de trabalho interno e não de dissidências que a este tempo só vêm pôr interesses pessoais à frente daquilo que possam ser os interesses coletivos” e recordou que as pessoas que agora põem em causa a direção “faziam parte” dela.
De acordo com a líder do PAN, - que se encontra em isolamento por estar com covid-19 - no sábado a CPN esteve reunida “durante cerca de 12 horas” e foi aprovada a deslocação da direção pelo país para “auscultar todos os filiados” em relação à estratégia de futuro, apontando que “com o congresso não seria possível”.