João Semedo discursa para unir o partido - TVI

João Semedo discursa para unir o partido

Co-coordenador do Bloco não criticou o PS, apontou baterias ao Governo e elogiou o legado deixado por Louçã, Portas, Fazenda e Rosas

Ao contrário da outra co-coordenadora, João Semedo apostou num discurso mais temperado e virado para dentro. Sim, também falou em derrotar a política da troika e derrubar o governo, é certo que não criticou o PS e até o elogiou, mas gostou mais tempo em falar da união de esforços e a agradecer o legado deixado por Francisco Louçã, Luís Fazenda, Miguel Portas e Fernando Rosas.

«No Bloco de Esquerda há diferenças mas não há linhas que nos separem», disse, acrescentando: «No Bloco o pensamento circula livre, não há linhas e fronteiras, cada um pensa pela sua cabeça. Não há linhas que nos separam. Gostamos de debater as diferenças. Na diferença, todos juntos».

Mas Semedo também criticou o Governo e as declarações de Vítor Gaspar, que admitiu que só em 2032 Portugal se libertará do peso da dívida: «Vinte anos de diminuição dos salários, desemprego descontrolado e aumento da dívida? A questão não é por onde andará Vítor Gaspar depois desse programa de choque e pavor, mas o que restará ao país se a direita levar avante este plano contra o próprio país».

A ideia é simples: «Temos urgência em parar com este programa suicidário. Temos a urgência de defender o país deste Governo. Dissemos tudo, rigorosamente tudo, o que há a dizer sobre a direita que está no poder. O Bloco de Esquerda quer derrubar o Governo, queremos construir uma alternativa de esquerda».

O co-coordenador do Bloco criticou algo que considera ridículo por parte do Governo: «Para saber quantos carros tem o Governo, 500 dias depois de estarem no poder, PSD e CDS ainda vão contar os carros da frota governamental. Quando chegamos aos serviços públicos, ainda antes de saberem como, quando ou onde, já sabem que vão cortar 3500 mil milhões de euros nas escolas e hospitais de que dependem milhões de cidadãos. As gorduras do Estado transformaram-se nos salários, o combate ao desperdício no aumento de impostos, o país que não aguentava mais sacrifícios agora é convidado a emigrar».

«À destruição de um país empurrado para o abismo, por um ajuste de contas da direita com o mundo do trabalho e o estado social, junta-se o insulto de que neste país de salários mínimos todos vivemos acima das nossas possibilidades», frisou.

Semedo considerou que foi «uma conferência à Bloco, de gente que incomoda a direita, os ultra-liberais e os conservadores». E elogiou a história do partido, «que teve um princípio» e deve continuar, pois Francisco Louçã, Fernando Rosas e Luís Fazenda continuarão perto do partido. «Há 13 anos houve um começar de novo, agora é continuar sempre».
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