Moniz: «Pais do Amaral tinha uma grande admiração por Sócrates...» - TVI

Moniz: «Pais do Amaral tinha uma grande admiração por Sócrates...»

José Eduardo Moniz

Ex-director-geral da TVI confessa que sempre se sentiu «um mal necessário» na empresa

ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO ÀS 16h33

José Eduardo Moniz revelou, esta terça-feira, na Comissão de Ética, que sofreu várias pressões do antigo presidente da Media Capital, Miguel Pais do Amaral, e da Prisa.

«Entrei na TVI em Setembro de 1998 e só nos primeiros três meses me senti querido [com a participação da Sonae], quando se respirava um ar de liberdade», começou.

«Com a entrada de Pais do Amaral, em Dezembro, confesso que as coisas mudaram e senti-me um mal necessário. Tinha de lá estar porque garantia algum sucesso e a caixa registadora continuaria com moedas», acrescentou.

Segundo o ex-director-geral da TVI, o primeiro episódio envolvendo José Sócrates aconteceu em 2001, na inaguraçao de um aterro sanitário em Évora, no qual o na altura ministro do Ambiente terá abordado um jornalista, pedindo que a peça não fosse transmitida.

«Tive uma reunião com Pais do Amaral, que me disse que nutria uma grande admiração por José Sócrates e considerava a reportagem exagerada. E disse ainda que não queria ver os seus negócios prejudicados pela informação da TVI», contou.

Moniz garantiu que o ex-presidente da Media Capital «tinha quatro alvos» na TVI - «eu, Marcelo Rebelo de Sousa, Miguel Sousa Tavares e Manuela Moura Guedes» -, exemplificando com o afastamento do professor e a tentativa de fazer o memsmo com a jornalista: «Pais do Amaral queria a cabeça de Manuela Moura Guedes...»

Mais pressões com a Prisa

Com a entrada da Prisa na Media Capital, «a TVI nada ganhou, bem pelo contrário», criticou Moniz. «Percebi que a minha vida ia ser complicada», assegurou, revelando que logo no primeiro encontro que teve com os administradores Juan Luis Cebrián, Manuel Polanco e Miguel Gil estes lhe disseram que «era preciso intervir na informação».

Para o agora vice-presidente da Ongoing Media, a Prisa tem uma relação de «proximidade com o governo socialista em Espanha», pelo que a entrada na «irreverente» TVI era «um risco».

«Era uma conversa de surdos», referiu, acrescentando que a «discordância com a forma e o estilo do Jornal Nacional se foi acentuando».

«Por trás das atitudes dos administradores escondia-se uma aproximação aos sectores governamentais e uma vontade de ter uma boa relação com o Governo», disse.

Moniz insistiu que os já citados administradores sempre desejaram o afastamento de Manuela Moura Guedes e a criação de um cargo de director de informação «para dar sinais ao exterior de que a TVI tinha mudado».

«Disse que não a tudo e a tensão avolumou-se até chegar a um ponto de ruptura», frisou.
Continue a ler esta notícia